quarta-feira, dezembro 29, 2004

Baixinho e genial

Cento e sessenta e nove centímetros de talento.

Romário de Souza Faria despediu-se do futebol.

Pregar aos convertidos

Um tal de Pedro Lopes escreveu uma carta aos militantes do PPD/PSD na qual se volta a queixar do seu triste fado. Enfim, el ritual de lo habitual: Sampaio não-sei-quê, interesses corporativos não-sei-que-mais, Guterres-também-não-sei-quantos...

terça-feira, dezembro 28, 2004

2004 - a balançar

É comum por esta altura fazer balanços do ano que finda e formular votos ou desejos para o novo ano. Eu cá não. Até porque 2004 foi um ano negro, tanto para Portugal como para o resto do mundo, e não estou para ficar deprimido. Quanto aos desejos para o ano novo, também não estou para isso porque não estou para desilusões. Nem sequer prometo deixar de fumar. Pessimista? I don't think so.

sexta-feira, dezembro 24, 2004

Paz

A época de Natal é, em Portugal, sinónimo de fritos, bacalhau com grelos, acidentes de viação, mortos e feridos. Este ano, desde o início da operação de Natal da Brigada de Trânsito da GNR já se registaram quase 500 acidentes, quatro mortos e quatro feridos graves. Em menos de 24 horas. Em Portugal, algumas tradições não mudam...
Um bom Natal.

quarta-feira, dezembro 22, 2004

Bagão Félix e o "mercado de Inverno"

O ministro das Finanças, que se recusou a divulgar o custo da acção de "explicação do Orçamento de Estado", é um conhecido e lúcido benfiquista. Só assim se entende que tenha "aconselhado" os clubes a pagar o que devem ao fisco em vez de procederem a "contratações" fabulosas na reabertura do mercado em Janeiro. Veremos se Vieira & Veiga entendem o recado: paguem o que devem e esqueçam o Robinho.

"Não é um gasto, é um investimento",

disse Morais Sarmento sobre o "encarte" que foi hoje distribuido com vários jornais "explicando" as contas do Orçamento de Estado. É de facto um investimento... na campanha eleitoral. Cem mil euros foi o custo desta acção de campanha.

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Pronto

500. E não se fala mais nisso.

Quase 500

A confiar no que me diz o Blogger, antes deste post, faltavam dois posts para atingir a marca do meio milhar de posts [ou divagações, cogitações, delírios, disparates...]. Agora só falta 1.

[Aqui fica, portanto, um belo exemplo de um post absolutamente inútil e disparatado. Mas como dizia no meu primeiro post, este blog é meu e só meu... e faço nele e dele e com ele o que eu bem quiser. Ah, pois é! Já agora, repararam na quantidade de vezes que escrevi a palavra post? Cinco. Aliás, seis a contar com esta última.]

Saudades do Verão [até dos temporais 2]


Paredes de Coura 2004

Saudades do Verão [até dos temporais]


Paredes de Coura 2004

Analfabetos funcionais, é o que é!

Acabo de ouvir na TSF que os juízes do Tribunal Constitucional chumbaram a pergunta para o referendo sobre a Constituição Europeia, considerando que a mesma não respeita os requisitos de clareza. Realmente não se entende.
Não se entende que pessoas com uma formação superior, juristas de envergadura e juízes do Tribunal Constitucional não compreendam uma pergunta tão clara como esta: "Concorda com a Carta dos Direitos Fundamentais, a regra das votações por maioria qualificada e o novo quadro institucional da União Europeia, nos termos constantes da Constituição para a Europa?"
Mas há alguém que não entenda o que nos é perguntado?! Acho que temos que mudar de juízes e colocar lá gente que não seja analfabeta funcional.
Agora a sério: estou ansioso pelas reacções dos três partidos que chegaram a acordo sobre esta absurda pergunta. Vai ser lindo vê-los a acusarem-se mutuamente, fazendo de conta que não era precisamente este o resultado que prentendiam. Vai uma apostinha sobre o futuro do referendo? Eu aposto que ele vai para o caixote do lixo das boas intenções [ou se calhar para o chão, porque esse caixote já transbordou há muito tempo].

terça-feira, dezembro 14, 2004

Bye-bye Internet Explorer

Aderi ao Firefox da Mozilla. Fiz o download para experimentar e recomenda-se vivamente. Adeus Internet Explorer. Sem saudades.

Viva Portugal [saudades do Verão]


Algures no Parque Nacional da Peneda-Gerês

Correio electrónico

Não gosto muito de receber aqueles mails com piadas, piadinhas e piadolas [e gajas nuas] que os portugueses adoram enviar e reenviar uns aos outros. Contudo, por vezes, há um ou outro que realmente vale a pena. Este recebi-o ontem e é um dos que vale a pena.

«Isto o que aconteceu foi muito simples caros leitores!
O que aconteceu foi que eu estava em Belém na inauguração da maior árvore de Natal da Europa, sim repito da Europa, porque nós quando fazemos as coisas é em grande, e virei-me para um turista que lá estava e disse-lhe:
- Lá na tua terra não tens disto pois não? A maior da Europa, a MAIOR!
E o gajo vem com uma conversa do género: Não sei quê, no meu país preferimos gastar dinheiro em outras coisas, por exemplo a evitar que rebentem condutas de água, que levam ao abatimento do solo, e dessa forma prejudiquem milhares de pessoas... mais não sei que mais e o camandro! E eu, que até sou um gajo que é pá, tenho uma facilidade na exposição de argumentos, não me fiquei e disse-lhe logo:
- A maior da Europa! Toma! Embrulha!
E o gajo começa a falar que não sei quê, lá no país dele quando começa a chover as zonas ribeirinhas não ficam inundadas, e que talvez fosse melhor que, em vez da árvore, o dinheiro fosse canalizado para evitar essas situações. Eu comecei a enervar-me e disse-lhe logo:
- Mau, tu queres ver que nos temos que chatear! Eu estou aqui a expor argumentos que é pá sim senhor, e tu vens com essa conversa de não sei quê. Eu nem quero começar a falar na feijoada em cima da ponte, nem no desfile de "pais natais", porque senão nem sabias onde te meteres pá.
O gajo começa a falar de uma coisa qualquer, tipo túneis que são construídos e ficam a meio, e não sei que mais, e eu virei logo costas. Porque quando eu vejo estes gajos que não conseguem aceitar a superioridade de um país sobre o outro, e ainda falam, falam, falam, e não dizem nada de jeito, eu fico chateado, claro que fico chateado!!»

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Saudades do Verão

Já não há paciência...

... para aturar os disparates, contradições e birras do dissolvido. Porra, homem, desapareça de uma vez por todas. Volte a fazer o que sempre fez melhor: saia à noite, beba uns copos e dê uns pezinhos de dança. Aproveite agora que a Cinha já está cá fora.

Um fracasso é um sucesso é um fracasso

Este texto de Fernando Ilharco no Público de hoje deve ser lido com atenção. Sem ser um texto eminentemente político, Ilharco aborda alguns aspectos que muito têm que ver com o que se vai passando no mundo político-mediático português.

domingo, dezembro 12, 2004

Finalmente uma boa notícia

E mais uma vez devemos agradecer ao Futebol Clube do Porto que foi ao Japão buscar mais uma Taça Intercontinental para a sua sala de troféus. É uma boa notícia para Portugal.

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Em Roma, sê romano

Mais de uma semana depois de anunciar a dissolução da Assembleia da República, Jorge Sampaio explica-se hoje ao país. Finalmente, suspiram muitos de alívio. Por mim não vejo qualquer inconveniente no timing presidencial. Sampaio está a demorar muito tempo a explicar as razões da sua decisão? Pois está e depois? Por acaso, alguém em Portugal faz seja o que for em tempo útil? Que atire a primeira pedra etc, etc... Apesar da educação britânica, Sampaio é português, está em Portugal e preside à República Portuguesa. Se tivesse sido lesto a explicar-se ainda podiamos estranhar. When in rome, and so on and so forth...

Mantenha-se vivo e lúcido, por favor!

Mário Soares fez há dias 80 anos. Não lhei dei os parabéns [também não conheço o senhor de lado nenhum nem ele a mim] até porque mais do que dar-lhe os parabéns, como muitos fizeram, importa, por um lado, agradecer-lhe tudo o que ao longo da sua vida fez por Portugal e, por outro, pedir-lhe desculpa por não termos sabido dar continuidade ao seu trabalho de décadas.
Goste-se ou não da personagem, a verdade é que Mário Soares foi dos portugueses que mais trabalharam e lutaram por fazer de Portugal um país democrático, moderno e verdadeiramente europeu. Antes e depois do 25 de Abril, Mário Soares foi dos que nunca viraram a cara à luta. Tomou decisões. Acertou em muitas e errou algumas vezes, mas nunca fugiu às dificuldades.
[Foto: Fundação Mário Soares]

Lamentavelmente o seu exemplo de tenacidade, coragem e empenho não foi seguido pelas gerações de políticos que lhe sucederam. António Guterres virou as costas ao país às primeiras dificuldades, abrindo caminho a Durão Barroso que, na primeira oportunidade, também se foi embora deixando-nos entregues ao desgoverno de Santana Lopes, sus muchacho y muchachas. Mais lamentável ainda é verificar que, na actual classe política que temos, não se vislumbra alguém - uma única figura que seja! - capaz de, como Mário Soares [ou Sá Carneiro e até Cavaco Silva], enfrentar os tempos negros que aí estão para durar.
Goste-se ou não na personagem, a verdade é que Mário Soares vai ser dos poucos portugueses a figurar nos manuais de História de Portugal dos próximos séculos. Ele e poucos mais [e nem todos pelas boas razões]: António de Oliveira Salazar, Álvaro Cunhal, Francisco Sá Carneiro e Aníbal Cavaco Silva. Todos os outros poderão aspirar, quando muito, a uma breve nota de rodapé.

quinta-feira, dezembro 09, 2004

A crise política em curso...

... continua a dar azo às mais desvairadas declarações de militantes do PPD/PSD e de membros do governo.
Desta vez, é Morais Sarmento, barrosista convertido à pressa em santanista e armado em homem de Estado, que resolve atacar a decisão de Jorge Sampaio. Em entrevista ao Diário Económico, Sarmento diz que a decisão de Sampaio é sinal de imaturidade democrática e basicamente chama-lhe ditador.
A mim só me ocorre uma pergunta: se a decisão de Sampaio é sinal de imaturidade democrática, aquilo que esta gente tem andado a fazer no / ao país é sinal de quê? Saudades da ditadura, pelo menos.
Urge enviar esta gente de volta para o anonimato de onde nunca deveria ter saido. De preferência, bem longe de Portugal.

terça-feira, dezembro 07, 2004

Deixa-me rir...

Apetece, abusivamente, citar Jorge Palma a propósito do fluxo de disparates que brota dos dirigentes do PSD, completamente desnorteados com a decisão de Jorge Sampaio.
Ontem, no encerramento do debate do Orçamento, Gulherme Silva, líder para lamentar da bancada cada vez menos social-democrata, brilhou bem alto. Um verdadeiro stand-up comedian, ao nível de um Ricardo Araújo Pereira ou de um Bruno Nogueira. Vejam só esta pérola, a propósito da presidencial decisão: "Uma actuação abusiva, imoral e eticamente inaceitável, porque, além do mais, lesiva dos interesses nacionais." Tal qual. E disse-o sem se rir. Sem um sorriso sequer. Que artista! Só mais uma para finalizar: "O que esta aberrante situação configura é um manifesto abuso do exercício dos poderes presidenciais."
Aguardo agora, com incontida ansiedade, o próximo número de Guilherme Silva, que, ao que ouvi dizer, terá por tema as maravilhas da democracia madeirense e do seu insigne líder, Alberto João.

Apito dourado ou pito dourado?

A investigação em curso aos meandros do futebol nacional tem tudo para ser um grande sucesso. De audiências. Senão vejamos: mete policias e ladrões, dinheiro e prostitutas, orgias e corrupção. Só faltam mesmo armas e drogas. Nem falta o comic relief [cortesia do famoso Emplastro, auto-denominado filho de Pinto da Costa]. Alguém envie já este argumento para Hollywood e sai daqui um grande sucesso cinematográfico!

Bolas ao poste, pontapés para o ar

O presidente de um clube de futebol do Porto foi agora mesmo tema de abertura dos três noticiários dos principais canais de televisão portugueses. Isto diz tudo sobre os reais interesses do povo português.

domingo, dezembro 05, 2004

Falta de vergonha

Se calhar sou um ingénuo, mas continuo a pasmar com a falta de vergonha e sentido ético dos nossos políticos e dos militantes dos nossos partidos. Os mesmos que no PSD há poucas semanas não queriam, por nada deste mundo, uma coligação com o CDS-PP, não querem agora outra coisa. Por outro lado, aqueles que dizem cobras e lagartos de Pedro Santana Lopes, também querem que ele vá a eleições [e perca estrondosamente]. O pior é que o mundo dá voltas e mais voltas e pode sempre acontecer o impensável. Se assim for, lá teremos todos nós que aturar PSL durante mais algum tempo à frente dos destinos do país.

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Para já foram-se os comentários...

... fica para mais logo. Agora não tenho tempo. Está na hora de ir jantar.

Não correu muito mal...

... mas vai levar o seu tempo até o ossos irem todos ao sítio.

Fisioterapia

Este blog vai entrar em fisioterapia. Ou seja, vou por-me a mexer no template. Espero que corra tudo bem [para já, tive o cuidado de guardar em sítio seguro o actual template, não vão o diabo e a minha inépcia tece-las...].

Foda-se! É preciso ter lata, pá!

Pedro Santana Lopes
Desculpem lá o vernáculo do título, mas realmente é de um gajo ficar doido. Começo a achar que em vez de dissolver a Assembleia da República, o Presidente devia era dissolver o Santana. Literalmente.

Pinto da Costa é...

o máiore! Um graunde hómeinhe! O máiore presideunte do mundo! Carago!

Pinto da Costa é...

um grande sacana! Malandro! Corrupto! Vigarista!

Que raio de timing!

Santana não tem mesmo sorte nenhuma. Tivesse a Polícia Judiciária sido mais lesta a deter Pinto da Costa para averiguações e talvez o Presidente, distraído com as tricas do futebol, não tivesse tido tanto tempo para pensar nas asneiras do governo [sempre com minúscula como convém a esta gente] e na asneira que ele prórpio cometeu há quatro meses.

terça-feira, novembro 30, 2004

Olha que chatice...

O Lopes já não vai passear à Turquia amanhã.

Ou será que...

... Sampaio também gosta de dar empurrões e pontapés em incubadoras?

Grande mistério

Terá sido pela descontinuidade de políticas relativamente ao governo anterior, ao contrário do que foi prometido ao Presidente e ao País? Terá sido pela total descoordenação entre os diversos ministros? Terá sido por Santana contradizer constantemente os seus ministros e vice-versa? Terá sido pelos desentendimentos entre ministros? Terá sido pelas tensões cada vez mais evidentes entre os dois partidos da coligação? Terá sido pelas contradições entre os deputados e o governo? Terá sido por causa da tentativa de criar uma Central de Intoxicação e Propaganda? Terá sido pelas pressões sobre a comunicação social? Terá sido pela absoluta incompetência de alguns ministros, com Gomes da Silva à cabeça? Terá sido porque manifestamente Santana Lopes é demasiado incompetente e desastrado para exercer as funções de primeiro ministro? Terá sido pelas estranhas remodelações ["reajustes"...] no governo? Etc.. etc... etc...
Não foi concerteza apenas pela estrondosa demissão de Henriques Chaves...

Que parte de "vai-te embora" não percebeste?

Lopes não percebe porque Jorge Sampaio o mandou embora. O homem é surpreendente.

Acabou-se a palhaçada!

O senhor Lopes está na SIC Notícias, à saida da reunião com Jorge Sampaio que se fartou de aturar as santanices. Se o arrependimento matasse, não é senhor Presidente?

segunda-feira, novembro 29, 2004

A estratégia

Acho que começo a entender a estratégia do... da... enfim, daquele grupo de pessoas chefiado - mas pouco e cada vez menos - pelo senhor Lopes. A revelação atingiu-me hoje de manhã pouco depois de acordar. Bem, na realidade foi ainda antes de acordar. Quer dizer, já tinha saido da cama e já tinha passado pelo chuveiro, mas para ficar completamente acordado faltava ainda a primeira dose de cafeína e o primeiro cigarro do dia. Dizia eu... Isto é, escrevia eu portanto que começava a entender a estratégia do tal grupo que se diz chefiado pelo senhor Lopes. Parece-me simples, afinal, e genial. Sabendo que os portugueses têm memória curta, o senhor Lopes deu instruções ao seu pessoal para fazerem o máximo de asneiras no primeiro ano de governo [governo, governo, ainda não será, mas enfim...], cometerem as mais absurdas calinadas e envolverem-se em casos e polémicas avulso. Depois do primeiro ano, será então tempo de começar a trabalhar a sério, tomar medidas justas, ponderadas e necessárias, reformar o país, enfim, governar. Depois, no momento do voto, os eleitores retribuirão agradecidos colocando o senhor Lopes em São Bento por mais quatro anos. E em 2010, idem, cumprindo-se assim o desejo do senhor Lopes de nos ficar a "governar" até 2014.
Faz sentido, não? É que ninguém pode ser tão estúpido e incompetente ao ponto de fazer tantos disparates em tão pouco tempo. Só pode ser propositado. Não há outra explicação, pois não? Ou serão eles realmente...

sábado, novembro 27, 2004

quarta-feira, novembro 24, 2004

Verdadeiramente extraordinária

A frequência e velocidade a que este [des]governo produz casos e disparates. Quase se poderia adaptar um provérbio anglo-saxónico para descrever a actividade desta gente: a stupid thing a day keeps the competence away. É que tem mesmo sido praticamente uma por dia.

Sem mais de momento,

A carta que Joaquim Fidalgo está [?] a pensar escrever aos americanos que lhe têm enviado emails a pedir desculpa pela eleição de George W. Bush.

"Olhem, meus caros, eu vivo num país que é governado por Santana Lopes e Paulo Portas, vocês não sabem quem são mas acreditem que também não estamos lá muito bem entregues... Se vos contasse uns episódios que têm acontecido por cá, vocês riam-se como perdidos. Mais, aqueles dois senhores nem sequer foram eleitos pela maioria dos cidadãos, nem sequer foram a votos, sabiam?... Portanto, nem posso dizer (como vocês dizem) que 51 por cento dos eleitores os escolheram e, agora, temos de aguentar. Como é que isso foi possível? É difícil explicar, vocês não iam perceber... Além disso, temos um Presidente que foi, esse sim, eleito por uma fartíssima maioria, mas foi precisamente esse Presidente que entregou o Governo aos outros senhores que não tinham ido a votos... Pode tê-lo feito contrariado, pode estar arrependido, mas o certo é que o fez... Portanto, meus caros, vocês não estão sozinhos na desgraça. Se me pedem desculpa por terem tentado e não terem conseguido, que devo dizer eu?... Desculpem também... Ou, para usar os vossos termos: 'I'm sorry.' Acreditem, lamento muito também o que se passou no meu país."

Eu só acrescentaria uns beijinhos e abraços.

terça-feira, novembro 23, 2004

Imortais

O grande Enki Bilal tem mais um filme em circulação que estou ansioso por ver. Trata-se de Immortel, adaptação da trilogia Nikopol [La Faire aux Immortels, La Femme Piège e Froid Équateur] ao cinema.

Prancha de La Foire aux immortels de Enki Bilal

Quéisto?!

Quatro posts consecutivos sobre música? Mas isto agora é um blog sobre música? Ai, ai, ai...

Encomenda de Nova Iorque

«Subtle, subdued, pulsating. Poleposition performs songs of fate, tragedy, love and loss.»
The Washington Post

Os Poleposition são Rui Guerreiro e Daniel Silva. São portugueses mas estão em Nova Iorque. E um dia destes ainda se arriscam a alcançar um lugar interessante no mundo da música. Talento não lhes falta [o Washington Post não se ia enganar, pois não?...]. Confiram, por exemplo, We Live in Cities.

Gostava de poder dizer que os descobri, mas a verdade é que, nem sei mutio bem como, foram eles quem me descobriu [o maravilhoso mundo da internet e dos blogs!]. Ontem chegou a encomenda: o CD-single com We Live in Cities e O Mar] e EP XO [com os temas Boulevard, The Nerve, Tragic Death of Porn Starz, Move Enough e Time Travelz].

MP3 dowloads:

segunda-feira, novembro 22, 2004

Nostalgia creeps [vol. II] # 8

Broken English

Could have come through anytime,
Cold lonely, puritan
What are you fighting for ?
It?s not my security.

It?s just an old war,
Not even a cold war,
Don?t say it in russian,
Don?t say it in german.
Say it in broken english,
Say it in broken english.

Lose your father, your husband,
Your mother, your children.
What are you dying for ?
It?s not my reality.

It?s just an old war,
Not even a cold war,
Don?t say it in russian,
Don?t say it in german.
Say it in broken english,
Say it in broken english.

Us cd mfsl ultradisc udcd 640
R. 08 08 1995
What are you fighting for ?
What are you fighting for ?
What are you fighting for ?
What are you fighting for ?

What are you fighting for ?
What are you fighting for ?

Could have come through anytime,
Cold lonely, puritan.
What are you fighting for ?
It?s not my security.

It?s just an old war,
Not even a cold war,
Don?t say it in russian,
Don?t say it in german.
Say it in broken english,
Say it in broken english.

Say it in broken english,
Say it in broken english.

What are you fighting for ?
What are you fighting for ?
What are you fighting for ?
What are you fighting ...


Marianne Faithfull, in Broken English [Island 1979]

domingo, novembro 21, 2004

Música online

Sou, como muitos outros internautas, adepto do mp3, ainda que não aprecie particularmente piratarias ou programas [?] como o Kazaa e afins. Recorro aos mp3 essencialmente como uma espécie de pré-escuta que me pode, ou não, levar à descoberta de coisas acabo por comprar. Um bom posto de pré-escuta é o Epitonic. Agora descobri, via Cimbalino e com atraso, o Smart Music, uma espécie de índice de mp3 legais, onde já sei que vou gastar algumas horas...

É claro que posso [e não tem que agradecer]

Transcrevo na íntegra um email que me foi enviado por Tomás Miguez e apelo àpresença de todos nesta iniciativa. Infelizmente, até porque muito aprecio todos os participantes, não vou poder lá estar.

«Olá, Será que nos pode ajudar a divulgar este concerto de solidariedade pela saúde mental?
Agradeço a eventual ajuda.
Um Abraço. Tomás Miguez

O Grupo de Acção Comunitária ? IPSS ? irá organizar um espectáculo de Solidariedade pela Saúde Mental no próximo dia 26 de Novembro, no Fórum Lisboa, às 22h. O concerto terá a actuação dos grupos Sétima Legião, Gaiteiros de Lisboa e Rodrigo Leão. A instituição GAC dedica-se à reabilitação de pessoas com doenças psiquiátricas, promovendo os cuidados na comunidade, bem como a desinstitucionalização destes pacientes. O concerto tem o Alto Patrocinio da Presidência da República.

Concerto de Solidariedade pela Saúde Mental
Gaiteiros de Lisboa + Rodrigo Leão + 7ª Legião
Fórum Lisboa
26 de Novembro às 22h
Bilhetes na FNAC, Ticket Line e no Fórum Lisboa»

sexta-feira, novembro 19, 2004

Desculpe, não percebi...

... importa-se de repetir a pergunta?

Isso são perguntas que se façam?!

«Concorda com a Carta de Direitos Fundamentais, a regra das votações por maioria qualificada e o novo quadro institucional da União Europeia, nos termos constantes da Constituição para a Europa?»

Luís Afonso, in Público, 18.11.2004

quinta-feira, novembro 18, 2004

Também já não adianta muito...

... fazer posts sobre a oposição par[a]lamentar. A verdadeira oposição não está na Assembleia, está, por exemplo, nas colunas dos jornais [Pacheco Pereira], em algumas televisões [Miguel Sousa Tavares], no Banco de Portugal [Victor Constâncio], à espera de uma vaga de fundo [Cavaco Silva] ou da sua hora [António Guterres] ou na comunidade bloguística [tantos]. E principalmente no seio do próprio PPD-PSD, quase toda em silêncio.

Já nem vale a pena...

... comentar os dislates, disparates e trapalhadas deste aglomerado de imbecis que conduz os destinos do país como os irresponsáveis do toining conduzem as suas viaturas. Refastelo-me no sofá e assisto ao desfilar de inanidades como quem assiste a um episódio dos gloriosos Monty Python. O non-sense desta gente ultrapassa largamente o dos comediantes britânicos.

Help!

O que é um Gomes da Silva? Algum prato de bacalhau que eu ainda não conheço? E um Morais Sarmento? È o quê? Come-se? Bebe-se? Fuma-se? E, já agora, expliquem-me que raio é um Guilherme Silva? Carne? Peixe?

terça-feira, novembro 16, 2004

Hã?!

O PSD quer ouvir a administração e a demissionária direcção de informação na Assembleia da República!
Estranho. Muito estranho. Ainda se descuidam e chamam todos os implicados no caso Marcelo / TVI ao Parlamento... Alguém meta algum juízo na cabeça destes senhores. Então agora que já estávamos habituados à sua forma de fazer política, é que resolvem mudar de actuação? Mau, mau...

Técnica de engate

«Animais domésticos ajudam ao namoro
"Um homem que tem um animal de companhia, mostra que é capaz de se ocupar de outra coisa além de si próprio", observa Dan Cohen, o fundador do sítio animalattraction.com, que está a multiplicar nos EUA encontros de namoro para proprietários de cães, gatos, passarinhos e peixes. "Falar do cão é abordagem mais fácil", diz Rachel Carotta, de 25 anos, que num encontro em Boston só lamentou a presença de mais mulheres do que homens.»
in Sábado, nº 28, 12.11.2004

Há já algum tempo que ando a dizer a um amigo meu que devia arranjar um cão...

domingo, novembro 14, 2004

Um selo para as CERCI

A Coluna Vertebral adere a esta bela iniciativa do Tugir e de Estaleiro.

«Senhor Primeiro-Ministro

Estando perfeitamente elucidado sobre o Orçamento de Estado para 2005 e sabendo que V.Ex.ª. tenciona enviar-me uma carta em que dará esclarecimentos de que prescindo, solicito que se abstenha do respectivo expediente e faça entrega do montante respectivo a uma CERCI à escolha de Vossa Excelência.

Respeitosamente,

João M. Gonçalves»

Se o conseguires fazer até 2006...

Nostalgia creeps [vol. II] # 7

Janitor of Lunacy

Janitor of lunacy
Paralyze my infancy
Petrify the empty cradle
Bring hope to them and me

Janitor of tyranny
Testify my vanity
Mortalize my memory
Deceive the Devil's deed

Tolerate my jealousy
Recognize the desperate need

Janitor of lunacy
Identify my destiny
Revive the living dream
Forgive their begging scream

Seal the giving of their seed
Disease the breathing grief


Nico, Desertshore [Reprise 1970]

sexta-feira, novembro 12, 2004

Humor imbecil

«Vamos seguir as regras do mercado livre: há escolha? Então, eu não bebo cervejas que para vender gozam com a dignidade humana. E você, amigo leitor?»
David Rodrigues, professor da Universidade Técnica de Lisboa, in Publico, 12.11.2004

Eu também não bebo essa cerveja; nem essa nem qualquer cerveja com origem na cervejeira que a produz.
Aliás, começava a ficar preocupado com o silêncio com que tem sido recebida essa ignóbil campanha publicitária da Sagres [eu, como não escrevo em jornais, posso chamar os bois pelos nomes] da Central de Cervejas. A mesma que habitualmente patrocina a selecção nacional de futebol, diversos festivais de Verão e festas universitárias.

Até pode querer, duvido é que o consiga...


Lembro-me o que aconteceu há uns anos quando um ministro do Ambiente também teve umas ideias sobre ordenamento do território e quis fazer umas demolições. Foi recambiado para o Parlamento Europeu na primeira oportunidade. Chama-se Carlos Pimenta.

A propósito do congresso

Uma das grandes questões suscitadas pelo congresso do PSD [do PPD?] é a questão dos presentes e dos ausentes, dos que vão e dos que não vão. Bate certo. É um partido à imagem e semelhança da vida social do seu [actual] líder. O congresso é assim uma espécie de festa jet-set e o que conta é saber quem lá está, com quem está e com quem é visto, e quem não está.

Estes independentes são muito imprevisíveis

Era o que Jorge Coelhone costumava comentar no Contra-Informação nos tempos do governo de Toneca Guterres. Lembrei-me dele a propósito da justificação que Aníbal Cavaco Silva deu para não ir ao congresso do PSD. O Aníbal, que já foi ministro das Finanças, primeiro ministro e candidato derrotado à Presidência da República, não vai a Barcelos porque "é muito independente dos partidos políticos". Já tinha reparado. Estava era à espera de uma justificação mais original. Isto vindo do homem que um dia foi a um congresso - no qual foi eleito líder de um partido político - porque tinha que fazer a rodagem do seu carro novo, é pouco. Muito pouco.

terça-feira, novembro 09, 2004

Berlim, 9 de Novembro de 1989

Nostalgia creeps [off record]

Berlim morreu a nove

Berlim, Berlim morreu a nove.

Cenário:
Yorckstr... sucessão de viadutos de ferro
Enegrecidos pela ferrugem,
Onde as velhas linhas para leste,
Entregues à voracidade do tempo,
Se equilibram, sobranceiras,
Os carris retorcidos pelo matagal.

De quando em vez
O crepúsculo é rasgado pelo S-Bahn para Mariendorf,
Fila de janelas iluminando prostitutas de couro e lingerie
Em carícias obscenas

Hordas de guerreiros em latex vermelho,
Silhuetas recortadas no lusco-fusco,
Movimentam-se junto ao descampado.

Conan, o Bárbaro, montado no seu Camaro de 70
Cuspindo fogo estrepitosamente,
Vem ver se está tudo bem com as suas pequenas.

Do imbiss do turco
Ouve-se a rádio anunciar que em Postdamerplatz o muro está a cair.

Que faço eu aqui
Com as mãos manchadas de sangue?

Berlim, Berlim: morreu a nove.


Mão Morta, in Mutantes S.21 [Fungui 1993]

Nostalgia creeps [vol. II] # 6.1

Berlin

In Berlin, by the wall
you were five foot ten inches tall
It was very nice
candlelight and Dubonnet on ice

We were in a small cafe
you could hear the guitars play
It was very nice
it was paradise

You're right and I'm wrong
hey babe, I'm gonna miss you now that you're gone
One sweet day

Oh, you're right and I'm wrong
you know I'm gonna miss you now that you're gone
One sweet day
One sweet day

In a small, small cafe
we could hear the guitars play
It was very nice
candlelight and Dubonnet on ice

Don't forget, hire a vet
he hasn't had that much fun yet
It was very nice
hey honey, it was paradise

You're right and I'm wrong
oh babe, I'm gonna miss you now that you're gone
One sweet day
You're right, oh, and I'm wrong
you know I'm gonna miss you now that you're gone
One sweet day
One sweet day


One sweet day, one sweet day
oh, one sweet day
One sweet day, baby-baby, one sweet day
one sweet day, one sweet da


Lou Reed

Nostalgia creeps [vol. II] # 6

Berlin

--- S.E. ---

Eins
Zwei
Drei
Zugabe

Happy birthday to you
Happy birthday dear Caroline
Happy birthday to you

--- S.E. ---

In Berlin by the wall
you were five foot ten inches tall
It was very nice
candlelight and Dubonnet on ice

We were in a small cafe
you could hear the guitars play
It was very nice
oh honey, it was paradise


Lou Reed, in Berlin [RCA 1973]

Dead or alive?

Afinal, o homem está morto, vivo ou nem por isso?

sexta-feira, novembro 05, 2004

Aos pontapés

Algo de estranho se está a passar esta semana no futebol nacional e não estou a falar das lamentáveis prestações do FCP e do SLB nas competições europeias [estranho seria se ambos tivessem ganho]. Ouvi dizer - mas deve ser boato - que na próxima segunda-feira há "jogo grande" [como os comentadores desportivos gostam de dizer] a contar para o campeonato português. Parece que Sporting e Porto jogam nas Antas [sim, nas Antas], mas não pode ser verdade. Pinto da Costa e Dias da Cunha não têm aparecido nos meios de comunicação social a trocar galhardetes. Ora todos sabemos que por cá não há "jogo grande" sem uma bela polémica [por mais ridiculo que seja o motivo].
Ainda um dia me hão-de explicar essa do "jogo grande". Será um jogo com 120 minutos?

Um mundo mais seguro?

Esta semana foi reeleito o cowboy W. Bush para a presidência do mais poderoso país do mundo. Esta semana também, desapareceu Arafat [ainda que ligado à máquina, o homem está, para todos os efeitos, morto]. Estes dois factos não me deixam mais tranquilo quanto ao futuro. Antes pelo contrário. O mundo parece-me cada vez mais um local muito pouco seguro.

Homem livre

Um dos cada vez mais raros homens livres deste país começou hoje a publicar no Público as suas crónicas. Vasco Pulido Valente é mais um bom motivo para nunca mais ligar ao Diário de Notícias e ser ainda mais fiel ao Público.

quarta-feira, novembro 03, 2004

Filho de peixe...

... etc e tal, diz o bom povo. O peixe que foi agora reeleito para presidir aos Estados Unidos da América está a sair melhor nadador do que o seu progenitor. Foi a presidente como o pai e conseguiu ser reeleito. Foi à guerra como o pai, mas não se contentou com uma - fez duas. Como o pai, escolheu Saddam Hussein para inimigo de estimação mas, ao contrário do pai, conseguiu não só derrubá-lo como deitar-lhe a mão.

Tal como previ...

... Osama Bin Laden foi o vencedor das eleições nos Estados Unidos da América. Já ontem o tinha dito. Um dia, se me apetecer, explico porquê.

terça-feira, novembro 02, 2004

And the winner is...

Hoje é dia de eleições nos Estados Unidos da América. O meu palpite é simples: aconteça o que acontecer, parece-me que o vencedor será Osama Bin Laden.

Nostalgia creeps [vol. II] # 5

Sister Morphine

Here I lie in my hospital bed
Tell me, Sister Morphine, when are you coming round again?
Oh, I don't think I can wait that long
Oh, you see that I'm not that strong

The scream of the ambulance is sounding in my ears
Tell me, Sister Morphine, how long have I been lying here?
What am I doing in this place?
Why does the doctor have no face?

Oh, I can't crawl across the floor
Ah, can't you see, Sister Morphine, I'm trying to score

Well it just goes to show
Things are not what they seem
Please, Sister Morphine, turn my nightmares into dreams
Oh, can't you see I'm fading fast?
And that this shot will be my last

Sweet Cousin Cocaine, lay your cool cool hand on my head
Ah, come on, Sister Morphine, you better make up my bed
'Cause you know and I know in the morning I'll be dead
Yeah, and you can sit around, yeah and you can watch all the
Clean white sheets stained red.


Rolling Stones, Sticky Fingers [Rolling Stones Records 1971]

quinta-feira, outubro 28, 2004

Ainda haverá esperança para a TSF?

Entro no carro, mecanicamente ligo o rádio e apanho com o Quinteto Tati nas ondas hertzianas. Esfrego os olhos - é de manhã e ainda devo estar meio a dormir. Não. É mesmo a TSF, a mesma que de há uns meses para cá se tem pautado por duvidosos - ia escrever pirosos - critérios de selecção musical. Será que o bom-gosto musical está a regressar, com pézinhos de lã, à rádio-jornal? Pelo sim, pelo não, é melhor manter uma atitude de prudente reserva.

A árvore e a floresta

Temos o estranho hábito de discutir longa e acaloradamente a árvore, ignorando a floresta. Aliás, frequentemente discutimos a pequena árvore, ignorando outras de maior porte e em mais lastimável estado de conservação.
Hoje de manhã, a SIC Notícias e a TSF abriram-se à opinião dos seus telespectadores e ouvintes para discutir as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa à Alta Autoridade para a Comunicação Social. Marcelo, Pais [ou Paes?], Silva ou Lopes são meras árvores [e algumas de fraqíssimo porte, diga-se]. O que está em causa neste momento é uma mais vasta floresta: a da Política, da Economia, da Comunicação Social e das relações entre todas. Sobre a floresta não vi nem ouvi nada.
Além do mais, SIC Notícias e TSF preferiram dar destaque a um tema que, por significativo e simbólico, é com certeza bem menos irrelevante que a retirada estratégica de Durão Barroso perante o Parlamento Europeu, uma retirada que poderá ter sérias consequências no futuro da União Europeia, espaço de que, parece-me, ainda fazemos parte.
Opções...

Jornalismo à portuguesa

Tenho cá para mim que a Política e o Jornalismo, como eventualmente o Desporto, são actividades que reflectem, genericamente a sociedade em que se inserem. Em Portugal, três décadas depois da Revolução de Abril e quase duas desde a adesão à União Europeia [então Comunidade Económica Europeia], continuamos a ter uma sociedade grandemente atrofiada por determinados, digamos, problemas e afectada por carências e deficiências de vária ordem. Por exemplo, sem cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres, responsáveis e críticos, dificlmente teremos uma classe política competente ou um jornalismo eficaz.
Vem todo este, longo, palavreado para ilustrar duas situações recentes com as quais me cruzei acidentalmente na supostamente nossa RTP, situações que ilustram uma certa forma displicente de fazer jornalismo e que só continuam a acontecer com regularidade porque temos uma larga faixa da população com confrangedores níveis de literacia.
A primeira aconteceu há alguns dias - na manhã do encerramento do tunel do Rossio. Antes das 8 horas antes de sair de casa, vejo um jovem aprendiz de reporter na estação de Campolide a tentar entrevistar passageiros da linha de Sintra sobre os incovenientes e incómodos que a situação lhes causava. Teve azar o rapaz porque as duas pessoas com as quais falar conseguiu não eram clientes habituais daquela linha. Mesmo assim, o hábil moço lá conseguiu convencer um dos entrevistados a dizer que sim senhor aquilo era uma chatice e um enorme incómodo para os passageiros da CP. Ou seja, em vez de se limitar a reportar, o reporter forçou o passageiro a dizer o que convinha à reportagem.
A segunda situação aconteceu hoje à hora do almoço a propósito da torre da igreja matriz de Penamacor que se encontra inclinada. Passando por cima da abusiva comparação com uma famosa torre italiana, o suposto jornalista que escreveu a peça resolver concluir a mesma afirmando qualquer coisa como "já que a ciência não consegue explicar o fenómeno [de a torre estar inclinada e não cair], então deve ser mesmo a mão de Deus a segurá-la". Tudo muito bem, não fosse o pequeno pormenor de na peça não se ter vislumbrado a mais ténue tentativa de encontrar uma explicação cientifica. Os únicos entrevistados foram uma idosa, uma transeunte e o padre local. Entretanto ignoro se a mão de Deus que tão diligentemente segura a torre de Penamacor é a mesma que há uns anos deu um golo à selecção Argentina de futebol.

quarta-feira, outubro 27, 2004

As lições do Professor

Marcelo Rebelo de Sousa foi hoje à Alta Autoridade para a Comunicação Social, um organismo que até há bem pouco tempo dispunha de uma visibilidade pouco mais do que nula.

O homem fez-me lembrar um herói da banda-desenhada, o Demolition Man, tão demolidoras para Pais do Amaral e Santana Lopes [e para outras personagens menores desta história como um tal de Rui Gomes da Silva, o ministro dos Assuntos Para Lamentar] foram as suas declarações.

terça-feira, outubro 26, 2004

Luto

John Peel, incontornável nome da rádio, morreu.

John Peel 1939 - 2004

A rádio perde um dos seus nomes maiores, talvez uma das últimas vozes da rádio, um homem que inspirou muitos radialistas em todo o mundo. Também o mundo da música, do Rock à Pop passando pela Electrónica, perde assim um dos seus maiores divulgadores. John Peeel era desde 1967 apresentador da BBC e foi ele quem revelou ao mundo centenas, ou milhares, de novos artistas, muitos dos quais se perderiam nas trevas da industria musical. Muitos outros, porém, têm para com John Peel uma divida que jamais poderá ser paga.

sexta-feira, outubro 22, 2004

London Calling [outra vez!]

Passou já um quarto de século sobre a edição de um dos mais espantosos álbuns que me foi dado ouvir: London Calling dos The Clash. Vinte e cinco anos depois e este continua a ser um álbum espantoso. Ouvi-o pela primeira vez numa cassete gravada pelo meu amigo, e companheiro de aventuras musicais, Lito. Essa cassete ainda hoje anda cá por casa, já muito roufenha.

Por algum motivo nunca comprei o álbum [em vinil ou em CD]. O motivo só podia ser este: uma edição especial [com o álbum original mais um CD de extras e ainda um DVD com um documnetário de Don Letts]. Já cá canta. E apetece ser punk outra vez. Logo a mim que nunca o fui.

quarta-feira, outubro 20, 2004

Só para contradizer

Morais Sarmento não pretende influenciar a programação da RTP. Isso é impensável. Principalmente a do canal 2, dirigido por Manuel Falcão, velho colaborador de Pedro Santana Lopes.

terça-feira, outubro 19, 2004

Nostalgia creeps [vol. II] # 4

Port d'Amsterdam

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui chantent
Les rêves qui les hantent
Au large d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dorment
Comme des oriflammes
Le long des berges mornes
Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui meurent
Pleins de bière et de drames
Aux premières lueurs
Mais dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui naissent
Dans la chaleur épaisse
Des langueurs océanes

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui mangent
Sur des nappes trop blanches
Des poissons ruisselants
Ils vous montrent des dents
A croquer la fortune
A décroisser la lune
A bouffer des haubans
Et ça sent la morue
Jusque dans le c?ur des frites
Que leurs grosses mains invitent
A revenir en plus
Puis se lèvent en riant
Dans un bruit de tempête
Referment leur braguette
Et sortent en rotant

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui dansent
En se frottant la panse
Sur la panse des femmes
Et ils tournent et ils dansent
Comme des soleils crachés
Dans le son déchiré
D'un accordéon rance
Ils se tordent le cou
Pour mieux s'entendre rire
Jusqu'à ce que tout à coup
L'accordéon expire
Alors le geste grave
Alors le regard fier
Ils ramènent leur batave
Jusqu'en pleine lumière

Dans le port d'Amsterdam
Y a des marins qui boivent
Et qui boivent et reboivent
Et qui reboivent encore
Ils boivent à la santé
Des putains d'Amsterdam
De Hambourg ou d'ailleurs
Enfin ils boivent aux dames
Qui leur donnent leur joli corps
Qui leur donnent leur vertu
Pour une pièce en or
Et quand ils ont bien bu
Se plantent le nez au ciel
Se mouchent dans les étoiles
Et ils pissent comme je pleure
Sur les femmes infidèles
Dans le port d'Amsterdam
Dans le port d'Amsterdam


Jacques Brel, Olympia '64 [Barclay 1964]

Zzzz...

Hoje dormi uma sesta. Soube mesmo bem.

segunda-feira, outubro 18, 2004

Aos pontapés

Consta que ontem se realizou, algures em Lisboa, um importante desafio de futebol. Uma das equipas ganhou, a outra perdeu. Antes e depois do jogo, dirigentes dos dois clubes mostraram ao país a sua verdadeira face. Principalmente depois do jogo. Classificar de deselegantes as palavras vindas de ambos os lados da barricada, cheias de insinuações e veladas ameaças, é muito pouco. A má-educação tem limites, a farsa já cansa e a estes senhores nunca mais deveria ser colocado um microfone à frente. Luís Filipe Vieira, José Veiga e Pinto da Costa são pessoas da pior espécie e merecem-se uns aos outros. Os respectivos adeptos que os aturem! Por mim, volto a citar o seleccionador nacional de futebol: "Vão-se foder!".

P.S: não sou, felizmente, adepto de nenhum dos clubes.

Olha para o que eu digo...

Do fulgurante e omnipresente Luís Delgado: «Será que um dia Portugal deixará de condenar as pessoas só por terem esta ou aquela posição, que podendo não ser maioritária, exige respeito?» .
Vindo de quem ainda há dias clamava pelo internamento em hospital psiquiátrico de um colaborador do Público, não está mal como defesa da liberdade de expressão...

Liberdade de expressão e censura

«P. S.: A Lusa mandou a 7 de Outubro um telex para as redacções com as declarações de Cavaco Silva lamentando o afastamento de Marcelo. Passados poucos minutos um novo telex chegava a corrigir o anterior. A magna alteração introduzida era a seguinte: no primeiro parágrafo, onde se escrevia "afastamento" passava a escrever-se agora coisa mais neutra, ou seja, "saída". Mas Cavaco não falava de saída, mas de "afastamento", palavra que passava a só constar entre aspas no segundo parágrafo. Sem contaminar a linguagem do jornalista. Não sei de quem foi a ideia da magna correcção. Talvez do próprio jornalista, "não fosse o chefe...", ou do chefe, "não fosse o director...", ou do director, "não fosse o ministro...". Ou seria do próprio ministro, para garantir rigor dos serviços tutelados? Valha-nos Deus!»

Graça Franco, Tempo de Coniventes Sem Cadastro, Público, Segunda-feira, 18 de Outubro de 2004

sexta-feira, outubro 15, 2004

Aí está o futebol português no século XXI

Deve ser isto o que os peritos designam como "futebol moderno". Domingo há um jogo de futebol a contar para a Super [pausa para enorme gargalhada...] Liga entre as equipas do Sport Lisboa e Benfica e do Futebol clube do Porto. É normal, creio que em todos os campeonatos do mundo, que ocorram umas trocas de palavras e umas inofensivas provocações. Mas neste Portugal sempre na vanguarda da inovação, estamos sempre à frente em matéria de progresso. Assim se compreende que o clube visitado se recuse a ceder bilhetes aos adeptos do clube visitante, que os adeptos do clube visitante arranjem bilhetes "à má fila", que os dirigentes do clube visitado façam chantagem com o clube visitado e que o clube visitado ameace não comparecer ao jogo. Viva o progresso! Viva o futebol moderno! Salvé Vieira! Salvé Pinto da Costa!
Citando o seleccionador nacional de futebol, outro exemplo de elevação, bom-gosto e verve fácil, "vão-se foder!".

quinta-feira, outubro 14, 2004

Nostalgia creeps [on television, the drug of the nation] # 7

Listen well and listen close because I will say this only once: Allo Allo é, ainda hoje, uma das melhores séries televisivas de comédia [e não só!].

9 séries e 85 episódios com o selo de garantia do humor britânico.

Li algures que vai regressar no novo canal da SIC, a SIC Comédia.


Nostalgia creeps [vol. II] # 3

All Tomorrow's Parties

And what costume shall the poor girl wear
To all tomorrow's parties
A hand-me-down dress from who knows where
To all tomorrow's parties
And where will she go and what shall she do
When midnight comes around
She'll turn once more to Sunday's clown
And cry behind the door

And what costume shall the poor girl wear
To all tomorrow's parties
Why silks and linens of yesterday's gowns
To all tomorrow's parties
And what will she do with Thursday's rags
When Monday comes around
She'll turn once more to Sunday's clown
And cry behind the door

And what costume shall the poor girl wear
To all tomorrow's parties
For Thursday's child is Sunday's clown
For whom none will go mourning
A blackened shroud, a hand-me-down gown
Of rags and silks, a costume
Fit for one who sits and cries
For all tomorrow's parties


The Velvet Underground, in The Velvet Underground & Nico [1967 MGM Records]

quarta-feira, outubro 13, 2004

A propósito do pontapé na bola

Lembram-se?
De um país ao qual foi entregue a organização de um grande evento desportivo internacional - um dos maiores do mundo, dizem os seus sábios promotores...
De um país que construiu [ou renovou] dez excelentes, funcionais, confortáveis e dispendiosos recintos desportivos que estavam à frente e tudo o que de melhor se fazia no mundo...
De um país onde um certo desporto ia finalmente, e graças a esse evento internacional e aos moderníssimos estádios, entrar no século XXI, adaptando-se às novas realidades económicas, sociológicas e culturais...
De um país onde se celebrou o fair-play e se condenaram os excessos de hooligans [ingleses, pois então] alcoolizados e violentos...
De um país onde o grande evento desportivo internacional mobilizou milhões de bandeiras, bandeirinhas, gravatas e cachecóis...
De um país cuja selecção nacional uniu todos os cidadãos numa onda que varreu cidades, vilas, aldeias e berças...

Reconhecem?
Um país que acordou numa noite de Domingo, triste e acabrunhado, vendo que o sonho se havia desmoronado sob os toscos pés de um punhado de gregos...
Um país ao qual só se exigia, no máximo, que construísse ou remodelasse oito estádios...
Um país onde os clubes gastam o que não podem, são geridos por gente que também podia estar a gerir uma mercearia ou a descacar batatas...
Um país onde, à mínima contrariedade, se insultam jogadores, treinadores, dirigentes, adversários e curiosos...
Um país onde se aplaudem os vencedores e se espezinham os vencidos...

É o mesmo país. É o país dirigido por Luís Filipe Vieira, Jorge Nuno Pinto da Costa, António Dia da Cunha. É o país onde o líder de qualquer claque ou grupo de arruaceiros tem honras televisivas. É o país de Santana Lopes, João Jardim, Valentim Loureiro, Gomes da Silva, Ferreira Torres, Fátima Felgueiras, José Castelo-Branco, Narciso Miranda e de outras personagens do mesmo, ou inferior, calibre.

Esse país é uma merda. Ou, nas palavras mais elegantes de Eça de Queiroz, uma choldra.

It is not my country!

terça-feira, outubro 12, 2004

E é também o humor, estúpido

Ainda a propósito da linha política do governo, apercebi-me ainda nas últimas horas de outro aspecto tudo menos despiciendo. Falo do humor. Habitualmente, os políticos [e os dirigentes desportivos...] são fonte inesgotável de inspiração para os humoristas em geral, e para os cartoonistas em particular. Neste momento estou plenamente convicto de que o actual governo decidiu revolucionar, simultaneamente, a política e o humor em Portugal, . Só da conjugação de um talentoso grupo de comediantes seria pssível que brotassem tantas e tantas pérolas de humor, na linha non-sense dos saudosos Monthy Python. Assim, Pedro Santana Lopes e os seus subordinados abandonam o papel de fonte de inspiração que tradicionalmente cabe aos políticos desempenhar, para se assumirem eles próprios como humoristas [criadores e intérpretes de rábulas anedóticas e hilariantes]. Deste modo, e conjugando subtilmente o contraditório com o non-sense humorístico, Portugal tem uma nova forma de governar para oferecer ao mundo.
Podiam era ter-nos avisado. Ter-se-iam evitado muitos equívocos. E podiam também ter adoptado um nome de guerra. Qualquer coisa como The Santana Lopes Flying Circus, para dar um toque cosmopolita à coisa...

P.S.: Ah! E não me venham dizer que foi George W. quem inventou esta linha de actuação política. Quando muito terá inspirado vagamente PSL e a sua pandilha de comediantes. Comparado com PSL, W. é um mero aprendiz.

É o contraditório, estúpido!

Finalmente começo a perceber tudo. Afinal eu é que estava equivocado, e comigo milhões de portugueses e uns quantos comentadores políticos, notoriamente tudo gente de má vontade, including myself. Falo da linha política do governo. Desde já assumo o meu enorme, e duplo, erro: não só há governo [y si hay soy contra, como diria o proverbial anarca espanhol], como há uma linha política, um rumo, um desígnio, uma estratégia, enfim, qualquer coisa. É assim como as bruxas nas quais ninguém acredita, pero que las hay...
Então é assim [topem a citação big brotheriana made in TVI]: a linha política do governo é o contraditório. Ou seja, pela manhã o primeiro ministro afirma uma coisa, à tarde um ministro qualquer faz-se de novas e à noite, de preferência por volta das 20h00, o PM ou alguém por ele afirma exactamente o contrário do que havia sido dito pela manhã. Em alternativa, também pode suceder que um ministro qualquer vá sucessivamente prometendo uma determinada medida [ou a impossibilidade de uma medida] e num belo dia [de preferência por volta das 20h00...] o PM afirma exactamente o contrário daquilo que o seu ministro havia prometido para no dia seguinte dizer que afinal não era bem como ele próprio prometido no dia anterior. Um exemplo prático: o ministro das Finanças andou desde Julho a dizer que não podia baixar os impostos por isto e mais aquilo; ontem Santana Lopes comunicou ao país que no próximo ano o governo ia baixar os impostos; hoje o mesmo Santana Lopes já disse que o governo ia baixar os impostos no prósimo ano SE [hélas] houver o crescimento previsto pelo governo.
É o contraditório.

Obrigado, Blitz

Sou leitor de longa data - desde o número 13 ou 14 - do ainda hoje único jornal de música português, o Blitz. Ao longo destes anos, este semanário atravessou, como é natural em qualquer publicação, por momentos melhores e piores, altos e baixos, fez escolhas erradas. Mas sempre se consigou manter como uma referência na indústria [?] musical portuguesa [apesar "daquela fase" lamentável em que o nu-metal reinava na redacção e os execráveis Limp Bizkit eram incompreensivelmente elevados à categoria de deuses da música...].
Hoje em dia o Blitz continua com o seu quase sempre inestimável trabalho e, de há meses a esta parte, tem contribuido decisivamente para o crescimento da minha colecção de música nacional graças às edições, a reduzido custo, de uma já apreciável lista de títulos discográficos. Esta semana é a vez de Esquece Tudo O Que Te Disse / Respirar Debaixo de Água pelos Azembla´s Quartet, um álbum duplo que reune a banda sonora daqueles dois filmes de António Ferreira que vai rodar durante algumas semanas no leitor de CD's cá de casa. Como já aconteceu com outras edições [Mão Morta, Nus; Zen, Rules Jewels Fools; Hipnótica, Reconciliation; ou The Legendary Tiger Man, Fuck christmas, I Got The Blues].
Obrigado, pois.

sexta-feira, outubro 08, 2004

As obras de Santana [um resumo]

Antes de chegar a primeiro ministro deste desgraçado país, Santana Lopes tinha já uma vasta obra atrás de si, como todos muito bem sabemos. A maior de todas é, sem dúvida, a sua contribuição para o desenvolvimento da noite [bares e discotecas] da capital e da Figueira da Foz, bem como da imprensa cor-de-rosa portuguesa. Menos notória, e boicotada por um tal de José Roquette, mas também importante foi o legado - em milhões de contos - que deixou no Sporting Club de Portugal. Mais tarde, passou pela presidência da Câmara Municipal da Figueira da Foz e deixou por lá umas palmeiras e umas rotundas de inestimável valor. Daí saltou para a Câmara de Lisboa e lá deixou umas intenções, incompreendidas pelos infiéis, para a ressureição do cadáver do Parque Mayer, bem como um enorme buraco no Marquês de Pombal que ainda um dia há-de ter a sua utilidade. Por obra e graça de um emigrante de luxo e de um Presidente da República socialista, Santana aterrou no Palácio de S. Bento e nos últimos meses tem-se esforçado arduamente por deixar a sua marca em Portugal. Só não contava era com o sacana do Professor Marcelo Rebelo de Sousa que, por despeito, inveja e puro ódio, resolveu dificultar ao máximo a sua actuação, chamando a atenção dos portugueses para alegados erros políticos, supostas e variadas trapalhadas e presumíveis disparates do governo liderado por Santana. Uma injustiça, pá!

Política a Martelo [até enjoar]

Segundo a comunicação social há muita gente no PSD incomodada com a crise política em crise. Cavaco Silva, Marques Mendes, Vasco Graça Moura, Miguel Veiga, José Pacheco Pereira, Emídio Guerreiro, Teresa Gouveia, Jorge Neto, Carlos Encarnação e até Morais Sarmento são alguns dos notáveis que, de algum modo, exprimiram o seu desconforto. Quem se deve estar a rebolar de gozo é o recém-eleito secretário-geral do PS: com o PSD e o governo neste estado, não vai precisar de se esforçar por aí além para atingir os seus objectivos. continuar assim, não me admiraria que José Sócrates ganhasse as próximas legislativas [em 2006?] com uma confortável maioria, i.e, com uma maioria absoluta.

Há censura em Portugal!

Quem o afirma é Alberto João Jardim. Assim mesmo, com todas as letras: desde o 25 de Abril sempre houve censura em Portugal e ele pode prová-lo. O eterno líder dos madeirenses lá saberá do que fala [aos berros, como é habitual].

Há censura em Portugal!

Quem o diz é Alberto João Jardim. O eterno líder dos madeirense lá saberá do que fala [aos berros, com é habitual].

Política a Martelo [sempre em actualização]

Acabo de ouvir, no fórum TSF, um pateta qualquer, deputado do PSD, afirmar - sem se rir! - que em Portugal há liberdade de expressão e existe contraditório. Das duas uma: ou este idiota anda tão embrenhado na sua actividade parlamentar que não tem acompanhado as últimas notícias ou Rui Gomes da Silva, outro pateta só que ministro, não disse aquilo que todos, repetidamente, pudemos ouvir e ler.

Política a Martelo [em actualização]

Aqui pode estar uma [a?] explicação para a crise política em curso. É uma crise não é? Bem, pelo menos anda tudo a falar do assunto, portanto deve ser uma crise... Deve, deve...

Beijinhos & Parabéns

Corria o mês de Dezembro de 1981 quando Sémen saiu para a rua dando iníco a uma das mais importantes carreiras discográficas em Portugal.

Corria o ano de 1983 ou 1984, não me recordo com exactidão, quando pela primeira vez levei com a música rude e sem concessões de um quarteto de inconformados. Corria o ano de 1984 quando saiu aquele que ainda hoje é o seu melhor par de temas: Remar, Remar e Longa Se torna A Espera.

Corria o ano de 1986 quando foi editado o seu melhor álbum, Cerco, gravado no palco do lendário Rock Rendez-Vous, uma sala onde, ainda em 86, gravariam um mítico álbum ao vivo que só anos mais tarde seria editado [1º de Agosto ao Vivo no Rock Rendez-Vous].

Corria o ano de 1987 quando pela primeira vez os vi, finalmente, ao vivo [salvo erro, em Fevereiro] na lotadíssima e tórrida sala polivalente da Escola Secundária de Santa Maria do Olival em Tomar] com o Lito, companheiro de muitos concertos e nessa noite decidimos formar uma banda. Foi o ano do grande salto, com Circo de Feras. Nesse ano saí encharcado em suor do Pavilhão do Restelo [8 de Maio] quando eles receberam o seu primeiro disco de prata.

Entretanto, muita coisa mudou na minha vida e na deles e seguimos caminhos opostos. Já não me lembro há quantos anos os não vejo ao vivo. O último álbum que ouvi do princípio ao fim foi o 88. Porém... Sempre que os ouço na rádio por exemplo, mesmo nos seus piores momentos musicais, sou incapaz de mudar de estação. Foi-se, há muito, o quase fanatismo, ficou um imenso respeito pelo grupo mais influente da música portuguesa. Os Xutos. Hoje e amanhã comemoram 25 anos de carreira no Pavilhão Atlântico. Parabéns. Obrigado.

quinta-feira, outubro 07, 2004

Nostalgia creeps [vol. II] # 2

God Save the Queen

God save the queen
The fascist regime
It made you a moron
Potential H bomb

God save the queen
She ain't no human being
There is no future
In England's dreaming

Don't be told what you want
Don't be told what you need
There's no future
No future
No future for you

God save the queen
We mean it man
We love our queen
God saves

God save the queen
Cause tourists are money
And our figurehead
Is not what she seems
Oh god save history
God save your mad parade
Lord god have mercy
All crimes are paid

When there's no future
How can there be sin
We're the flowers in the dustbin
We're the poison in the human machine
We're the future
Your future

God save the queen
We mean it man
We love our queen
God saves

God save the queen
She ain't no human being
There is no future
In England's dreaming

No future
No future
No future for you

No future
No future
No future for me

No future
No future
No future for you

No future
No future for you


Sex Pistols [Virgin 1977]

Política a Martelo [agora a sério ou então não...]

O episódio do fim dos comentários dominicais de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI é revelador do estado a que chegou o exercício do poder em Portugal. Os senhores que o detém, isto é, a malta liderada por Pedro Santana Lopes, não pretende governar o país nem tenciona resolver os problemas do país. Aliás, mesmo que quisessem não seriam capazes. O seu nível intelectual e cultural é tão baixo, a sua falta de ideias ou convicções tão confrangedora, a sua incompetência tão gritante que não seriam capazes. Por isso, o que importa a esta gente incompetente, sem ideias ou convicções e ignorante é simplesmente manter-se no poder a todo o custo. Por isso, mais do que o inexistente conteúdo importa a forma, a imagem. Por isso, importa silenciar todos aqueles que se lhes opõem. Esta gente, apesar de incompetente, sem ideias ou convicções e ignorante, é muito perigosa. E o doutor Sampaio, que hoje recebeu o Professor Marcelo e há uns meses deu posse a Santana Lopes, das duas uma: ou é um inocente anjinho que não percebeu onde nos estava a meter, ou é tão incompetente, sem ideias e ignorante como a trupe de Santana que não percebeu onde nos estava a meter. Entretanto, quem lucra com toda esta situação é o próprio Marcelo, erigido pela esquerda e alguma direita em mártir da liberdade de expressão.

Política a Martelo

Há vários dias que não se fala de outro assunto: as homílias dominicais do Professor Marcelo na TVI. Tudo começou quando um tal de Rui Gomes da Silva resolveu fazer queixinhas públicas relativamente aos comentários pouco católicos do Professor. Esse senhor, cujos grandes méritos políticos se resumem ao facto de há anos ser apoiante indefectível do senhor Lopes que em má hora o Presidente Sampaio nomeou primeiro ministro de Portugal, sentiu-se ofendido na sua honra e despachou uma série de disparates avidamente reproduzidos por todos os orgãos de comunicação social.
Entretanto, o big brother, perdão, big boss, da TVI - Paes do Amaral [ou será Pais do Amaral?...] - chamou o Professor para um jantar e, provavelmente porque algo lhe caiu mal, este anunciou que abandonava as populares noites de Domingo da TVI. Daí para cá, Marcelo tem sido a grande figura mediática de Portugal. Da esquerda à direita, não há quem não se pronuncie sobre esta situação e até o Presidente, que em má hora nomeou o senhor Lopes primeiro ministro de Portugal, chamou Marcelo ao Palácio de Belém [para onde o senhor Lopes, aliás, sonhava mudar-se um dia]. Surgiram teorias e mais teorias, teses e mais teses, opiniões e mais opiniões sobre os motivos da decisão do Professor. Ele há quem ache que o governo de Portugal [Portugal tem um governo???] exerceu pressões no sentido de a TVI afastar, ou em alternativa domesticar, Marcelo [nomeadamente a oposição parlamentar]. Ele há quem pense que o que está em causa é a liberdade de expressão [incluindo notáveis do PSD de Pacheco Pereira a Marques Mendes passando por Vieira de Castro]. Ele há quem seja da opinião que Marcelo se armou em João Vieira Pinto e simulou um penalty inexistente [Luís Filipe Meneses e Duarte Lima, por exemplo]. Ele há quem balbucie umas palavras confusas sobre o assunto só para não ficar calado [António Pires de Lima].
Por mim, creio que estão todos errados. A explicação para o fim das homílias dominicais do Professor Marcelo é só uma: a Quinta das Celebridades, que recorde-se estreou no último Domingo. Cá para mim, José Castelo-Branco exigiu ser a única celebridade do circo televisivo de Paes [ou Pais?...]. Logo, Marcelo tinha que ser afastado. As queixinhas de Gomes da Silva foram tão somente um pretexto. Simples e cristalino. O problema é que aconteceu exactamente o contrário: Marcelo Rebelo de Sousa tem batido Castelo-Branco aos pontos nos indíces de popularidade nacional e parece que até as acções da Media Capital, proprietária do maior circo mediático do país, estão em queda.

sexta-feira, outubro 01, 2004

Portagens

Não entendo nada de política de transportes ou de finanças públicas nem de desenvolvimentos sustentados e outras coisas do género. Nesses, como em muitos outros assuntos, limito-me a guiar-me pelo bom-senso e a colher umas informações aqui e acolá.
O governo decidiu ontem introduzir portagens nas SCUTs e o ministro Mexia lá se explicou sobre os princípios dessa medida. Se bem entendi, o que o governo quer é poupar uns milhões de euros que, supostamente, irá investir em outras áreas.
Por mero acaso, até sou favorável ao pagamento de portagens, assim como acho que os combustíveis deveriam ser ainda mais caros, se os dividendos daí resultantes fossem investidos numa eficaz, confortável e segura rede de transportes públicos [rodoviários e, principalmente, ferroviários] de modo a incentivar a população a utilizar cada vez menos o automóvel e cada vez mais o combóio e o autocarro. O que se pouparia seria com certeza bastante, quer em termos económicos, quer, muito principalmente, em termos ambientais. Agora, fazer o que o governo está a fazer, obrigando-nos a pagar portagens sem nos oferecer alternativas decentes, é no mínimo um rematado disparate.

quinta-feira, setembro 30, 2004

Nostalgia creeps [vol. II] # 1

Heroes

I, I will be king
And you, you will be queen
Though nothing will drive them away
We can beat them, just for one day
We can be Heroes, just for one day

And you, you can be mean
And I, I'll drink all the time
'Cause we're lovers, and that is a fact
Yes we're lovers, and that is that

Though nothing, will keep us together
We could steal time, just for one day
We can be Heroes, for ever and ever
What d'you say?

I, I wish you could swim
Like the dolphins, like dolphins can swim
Though nothing, nothing will keep us together
We can beat them, for ever and ever
Oh we can be Heroes, just for one day

I, I will be king
And you, you will be queen
Though nothing will drive them away
We can be Heroes, just for one day
We can be us, just for one day

I, I can remember (I remember)
Standing, by the wall (by the wall)
And the guns, shot above our heads (over our heads)
And we kissed, as though nothing could fall (nothing could fall)
And the shame, was on the other side
Oh we can beat them, for ever and ever
Then we could be Heroes, just for one day

We can be Heroes
We can be Heroes
We can be Heroes
Just for one day
We can be Heroes

We're nothing, and nothing will help us
Maybe we're lying, then you better not stay
But we could be safer, just for one day

Oh-oh-oh-ohh, oh-oh-oh-ohh, just for one day


David Bowie, in Heroes [RCA 1977]