sexta-feira, julho 29, 2005

Ano de colheita: 1972

The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars, David Bowie
Ege Bamyasi, Can
Machine Head, Deep Purple
For The Roses, Joni Mitchell
All The Young Dudes, Mott The Hoople
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Neu!, Neu!
Transformer
, Lou Reed
Exile On Main Street, The Rolling Stones
Harvest, Neil Young

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É só um delírio

Em vez de se aprovar a limitação de mandatos para o exercício de cargos políticos, o que deveria fazer-se era criar provas de acesso à carreira política. Com exames, testes psicotécnicos, estágio profissional e tudo. Talvez assim se criasse um classe política profissional e minimamente competente.
E se não aparecessem portugueses competentes em número suficiente para preencher todos os cargos [governo, governos regionais, Assembleia da República, autarquias], não me chateava nada que mandássemos vir de fora. Olho para Espanha, Irlanda ou Finlândia e não me desagrada nada o que eles conseguiram fazer dos seus países. Nada mesmo.

Deliro, eu sei. Deve ser da falta de férias.

Limitação limitada

Ontem a Assembleia da República aprovou a limitação de mandatos para os autarcas. PS, PSD e BE votaram a favor, o PCP votou contra e CDS e Verdes abstiveram-se. Pretende-se, dizem eles, promover a renovação e não sei quê não sei que mais. É possível que muita gente ache esta uma boa medida. Eu não. Por vários motivos. Em primeiro lugar, não entendo porque se limita essa limitação [ limita essa limitação? Hmmm...] aos autarcas e não se estende a todos os cargos sujeitos a votos [ou há moralidade ou comem todos, não é o que diz o bom povo?]. Depois faz-me confusão que se afastem pessoas de cargos políticos com base num critério temporal quando o critério deveria ser o da competência [e da seriedade, honestidade, etc]. Além disso, se o portugueses querem continuar a dar o seu voto a autarcas notoriamente criminosos, desonestos, incompentes, simplesmente idiotas ou a Avelino Ferreira Torres, que o façam. Se rotundas e fontes luminosas os fazem felizes, paciência. Ou se dá ao povo o direito de escolher, ou não. Afinal, isto, quer dizer Portugal, ainda é uma democracia, correcto?

quinta-feira, julho 28, 2005

[Some of] the music that rocked my world # 9

Hüsker Dü, Warehouse: Songs And Stories [Warner Bros, 1987]
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These Important Years / Charity, Chastity, Prudence and Hope / Standing In The Rain / Back From Somewhere / Ice Cold Ice / You're A Soldier / Could You Be The One? / Too Much Spice / Friend, You've Got To Fail / Visionary / She Floated Away / Bed of Nails / Tell You Why Tomorrow / It's Not Peculiar / Actual Condition / No Reservations / Turn It Around / She's A Woman [And Now He Is A Man] / Up In The Air / You Can Live At Home

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Aos anos que eu não ouvia este disco! Aliás, os Hüsker Dü não são uma das bandas que eu mais tenha ouvido nos últimos anos mas nunca deixaram de ocupar um lugar especial na minha discografia pessoal. Fui buscar Warehouse: Songs And Stories por causa do post sobre o primeiro álbum dos Young Gods.
Este trio [Bob Mould, Grant Hart e Greg Norton] de Minneapolis não chegou a durar uma década mas deixaram um legado único para o futuro do rock'n'roll, particularmente os álbuns Zen Arcade, Candy Apple Grey e este Warehouse: Songs And Stories. Por exemplo, sem os Hüsker Dü dificilmente a explosão grunge de princípios dos anos 90 teria acontecido.
Ouvi este disco duplo em cassete [gravada por mão amiga] em finais dos anos 80, pouco tempo depois da sua edição [o que era um feito se atendermos à dificuldade em encontrar certas edições no então exíguo mercado discográfico nacional e ao preço a que eram vendidas as importações]. Nunca mais esqueci as guitarras abrasivas, os ritmos sólidos e as melodias quase pop das canções [praticamente todas brilhantes] que compõem este álbum. Ah! E os textos, os poemas, de Grant Hart e Bob Mould [e as vozes]. Se tivesse que apontar apenas três álbuns de rock essenciais nos anos 80, este seria sem hesitação um deles [os outros seriam Daydream Nation dos Sonic Youth e Psychocandy dos The Jesus and Mary Chain].

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[Texto recuperado do post sobre o álbum de estreia dos Young Gods, 26.07.2005] 1987. No ano da primeira maioria absoluta de Cavaco Silva, eu concluia o 12º ano e rumava a Coimbra por onde ficaria até 1992, com uma mudança de curso pelo meio. Pelo mundo, Klaus Barbie era julgado em Lyon por crimes de guerra cometidos na Segunda Guerra Mundial e outro criminoso nazi, Rudolf Hess, enforcava-se na prisão de Spandau; o alemão Mathias Rust aterrava um Cessna na Praça Vermelha de Moscovo, invadindo o espaço aéreo da então União Soviética sem ser interceptado pela defesa aérea soviética; começava a escavar-se o Tunel da Mancha entre a França e a Inglaterra e no Médio Oriente começava a primeira Intifidada. 1987 foi ainda o ano dos filmes Full Metal Jacket de Stanley Kubrick e The Last Emperor de Bernardo Bertolucci e dos discos Kiss Me Kiss Me Kiss Me dos The Cure [talvez o seu último disco decente...], Introduce Yourself dos Faith No More [ainda longe do brilhantismo de edições subsequentes], Cleanse, Fold & Manipulate dos industriais Skinny Puppy ou Warehouse: Songs and Stories dos Hüsker Dü [um álbum que ainda por aqui há-de passar].

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quarta-feira, julho 27, 2005

Olha!

Mais um manifesto para a salvação da pátria [*].

Comove-me a fé que alguns ainda depositam no país... Eu cá sou mais da linha queirosiana [creio que também partilhada por Vasco Pulido Valente e Miguel Sousa Tavares, para além da generalidade da população lúcida deste país]. Acho mesmo que esta "choldra" [como Eça se referia ao país] já não tem remédio.

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[*] Manifesto assinado por 13 [mau presságio...] "prestigiados" economistas portugueses: António Carrapatoso, António Nogueira Leite, José Silva Lopes, João Salgueiro, Fernando Ribeiro Mendes, Miguel Beleza, Henrique Medina Carreira, João Ferreira do Amaral, Augusto Mateus e Vítor Bento. É impressão minha ou muita desta tropa já exerceu funções governativas?...

Sonolência

Vai por aí [imprensa, TV, blogs, calhando até nas publicações cor de rosa...] uma inexplicável excitação com a putativa candidatura de Mário Soares à presidência da República. Pessoalmente não entendo essa excitação e muito menos as polémicas que por aí se têm gerado. Aliás, toda essa excitação, e polémicas associadas, apenas me provocam uma imensa sonolência. Mas isso deve ser da proximidade das férias...

Ano de colheita: 1971

Master of Reality, Black Sabbath
Hunky Dory e The Man Who Sold the World, David Bowie
Tago Mago
,
Can
Fireball, Deep Purple
LA Woman, The Doors
IV, Led Zeppelin [na realidade este álbum não tem título, apenas se convencionou designá-lo como IV por ser o quarto da sua discografia]
Blue, Joni Mitchell
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Meddle, Pink Floyd
Sticky Fingers, The Rolling Stones
Electric Warrior, T-Rex
Who's Next, The Who

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terça-feira, julho 26, 2005

Lance Armstrong e Eddie Merckx

A propósito de um comentário ao meu post de domingo sobre Lance Armstrong [nem um comentário à magnífica fotografia de Anton Corbijn?!...] recupero o post que há pouco mais de um ano aqui escrevi sobre Lance Armstrong e Eddie Merckx, este sim o maior ciclista de todos os tempos, apesar da inegável classe de Armstrong].

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«Um dos meus primeiros ídolos de infância era um senhor, belga, que habitualmente pedalava na sua bicicleta vestido com uma camisola amarela. Eddy Merckx. Hoje lembrei-me dele outra vez, a propósito de outro senhor que também tem o hábito de pedalar de amarelo. Hoje lá vestiu outra vez a amarela em França. E prepara-se para chegar a Paris em primeiro lugar pela sexta vez consecutiva, algo que nunca ninguém conseguiu antes. Já não tenho propriamente idade para ter "ídolos", mas se alguém merece ser um ídolo esse alguém chama-se Lance Armstrong.» [20 de Julho de 2004]

Já agora, vale a pena ler o comentário para o comprovar.

[Some of] the music that rocked my world # 8

The Young Gods, The Young Gods [LD Records, 1987]

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Nous De La Lune / Jusqu'au But / A Ciel Ouvert / Jimmy / Fais La Mouette / Percussione / Feu / Did You Miss Me / Toi Du Monde / The Irrtum Boys / Envoyé / Soul Idiot / C.S.C.L.D.

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Faltam-me palavras para descrever a minha relação com os Young Gods. Dizer que são um grande banda é pouco. Acrescentar que em 1987 foram revolucionários ainda não é suficiente. Com o homónimo álbum de estreia os Young Gods provaram que não era preciso utilizar guitarras [reais] para fazer um grande, imenso, álbum de rock. Sim, de rock. Mais do que uma banda electrónica [ou industrial como erroneamente já os vi serem classificados], os Young Gods são uma banda de rock. Sem guitarras, ainda que elas surjam frequentemente na sua música através de samplers. Escutem-se os riffs poderosos de Jimmy ou Envoyé para o confirmar. Sendo, na realidade, um álbum de rock, The Young Gods é mais do que apenas rock e foi a partir deste disco que eu me rendi à música electrónica [com a qual tinha, até então, tido apenas alguns flirts].
Após The Young Gods, acompanhei de perto a carreira destes suiços em disco e em concerto. Exceptuando TV Sky [um álbum menor, um equívoco talvez, na sua discografia] não há álbum pelo qual não me tenha apaixonado: L'Eau Rouge [provavelmente o seu melhor trabalho com "clássicos" como Charlotte, o magnífico Longue Route, o meu favorito pessoal L'Amourir ou Pas Mal], Play Kurt Weil [álbum de versões do compositor alemão, "parceiro" de Bertold Brecht], Only Heaven e o seu "irmão gémeo" Heaven Deconstruction, o psicadélico Second Nature ou o mais ambiental Music For Artificial Clouds. Perdi a conta aos concertos que vi dos Young Gods mas recordo o primeiro, fabuloso, em Coimbra [na Broadway!] onde não estariam mais de cinco dezenas de pessoas. Depois disso vi-os quase sempre que vieram a Portugal [apenas me tenho recusado a vê-los em Queimas das Fitas ou Semanas Académicas].

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1987. No ano da primeira maioria absoluta de Cavaco Silva, eu concluia o 12º ano e rumava a Coimbra por onde ficaria até 1992, com uma mudança de curso pelo meio. Pelo mundo, Klaus Barbie era julgado em Lyon por crimes de guerra cometidos na Segunda Guerra Mundial e outro criminoso nazi, Rudolf Hess, enforcava-se na prisão de Spandau; o alemão Mathias Rust aterrava um Cessna na Praça Vermelha de Moscovo, invadindo o espaço aéreo da então União Soviética sem ser interceptado pela defesa aérea soviética; começava a escavar-se o Tunel da Mancha entre a França e a Inglaterra e no Médio Oriente começava a primeira Intifidada. 1987 foi ainda o ano dos filmes Full Metal Jacket de Stanley Kubrick e The Last Emperor de Bernardo Bertolucci e dos discos Kiss Me Kiss Me Kiss Me dos The Cure [talvez o seu último disco decente...], Introduce Yourself dos Faith No More [ainda longe do brilhantismo de edições subsequentes], Cleanse, Fold & Manipulate dos industriais Skinny Puppy ou Warehouse: Songs and Stories dos Hüsker Dü [um álbum que ainda por aqui há-de passar].

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segunda-feira, julho 25, 2005

domingo, julho 24, 2005

Sete

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Lance Armstrong fotografado por Anton Corbijn

Arrábida fora da lei

«A Arrábida é uma das minhas paixões. Quem já tenha feito o percurso pelo topo da serra em direcção a Setúbal, nunca mais esquece. Mesmo depois de morrer.
A "minha" cidade, perdoem-me a vaidade e o egoísmo, tem de um lado a serra com aquelas paisagens que entusiasmam qualquer um. De outro, a simplicidade do estuário. E tudo tão belo que custa a crer. Por pouco, convertia-me. E a culpa seria do Sado.
O que me custa é sentir que as leis são apenas letras sobre papel. Criou-se um parque e uma reserva natural, para que restem alguns cantinhos a salvo do betão, da indústria e dos fumos. No entanto, alguns interesses falam mais alto do que as leis, falam mais alto que o rio e mais alto do que a serra. Tudo se atropela. Este site é o resultado da minha indignação. Do meu protesto.
As pedreiras continuam a comer a serra. Ontem, hoje e amanhã. Cada dia existe menos um bocado de serra. Até quando? Até não sobrar nada, a não ser um enorme buraco?
Então aproveitem e tapem-no com entulho. O último que feche a porta.»

Luís Rodrigues

A Arrábida é um Parque Natural. Com uma fábrica de cimento, pedreiras e construções ilegais lá dentro.

sábado, julho 23, 2005

Fogo [Portugal a arder]

Fotografia de 20 de Julho passado do Earth Observatory [Nasa]

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Hoje sou egípcio

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Lá está, os mortos não são dos "nossos"

A SIC Notícias deu por terminado o seu noticiário das 2 e nem uma referência aos 83 mortos dos atentados de Sharm el-Sheik.

O terror outra vez...

... só que desta vez os mortos não são dos "nossos". Segundo o Guardian, o body count já vai nos 83. Mas foi no Egipto, isso é lá muito longe e essa malta é toda muçulmana, talvez simpatizante da Al Qaeda e têm o que merecem...

O noticiário das 2 da SIC Notícias começou há 26 minutos e ainda não houve, de passagem que fosse, referência aos atentados que mataram, pelo menos, 83 PESSOAS no Egipto. Em Sharm el-Sheik. Há dois dias, as quatro bombas de Londres, que não mataram NINGUEM, foram destaque em tudo o que é orgão de comunicação social e deve ter havido poucos blogs que não se referiram ao assunto. Os mortos "deles" continuam a ser menos importantes que os "nossos". Mesmo que a AL Qaeda já tenha reivindicado os atentados.

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[Actualização, 20h04m: o body count subiu para 88]

sexta-feira, julho 22, 2005

Ainda a propósito dos Sonic Youth

Há várias mãos cheias de mp3 dos Sonic Youth [temas raros, versões alternativas e um tema exclusivo] no seu site. Passem por lá e bom proveito. Não é preciso dizer que vão da minha parte.

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Concertos em Portugal [segundo informações recolhidas aqui]:

14.07.1993 [Campo Pequeno, Lisboa]
08.08.1998 [Festival do Sudoeste, Zambujeira do Mar]
19.02.1999 [Aula Magna, Lisboa]
25.05.2005 [Coliseu dos Recreios, Lisboa]

Ano de colheita: 1970

Let It Be, The Beatles [só porque foi o último editado pelo bando dos quatro de Liverpool...]
Paranoid, Black Sabbath
Bitches Brew, Miles Davis
In Rock, Deep Purple
Morrison Hotel, The Doors
Band of Gypsys, Jimmy Hendrix
Pearl, Janis Joplin
Fun House, Iggy & The Stooges
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Led Zeppelin III, Led Zeppelin
Ladies of the Canyon, Joni Mitchell
Atom Heart Mother, Pink Floyd

Convenhamos que foi um ano mais fraquito que o de 1969...

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quinta-feira, julho 21, 2005

[Some of] the music that rocked my world # 7

Sonic Youth, Daydream Nation [Blast First, 1988]

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Teen Age Riot / Silver Rocket / The Sprawl / Cross The Breeze / Eric's Trip / Total Trash / Hey Joni / Providence / Candle / Rain King / Kissability / Trilogy [The Wonder, Hyperstation, Eliminator Jr.]

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Não me lembro exactamente quando ouvi pela primeira vez os Sonic Youth, mas terá sido por altura da edição de EVOL em 1986 [do que tenho a certeza é que foi no Som da Frente de António 'guru' Sérgio na Comercial]. Lembro, isso sim, de começar a ouvir Teen Age Riot [no... Som da Frente] algum tempo depois e, mais algum tempo volvido, de comprar o vinil que conservo religiosamente [aliás, nunca cheguei a comprar o CD]. Dois discos, 11 canções mais uma trilogia, quase 70 minutos de Som que me devolveram o prazer pela música e me deixaram irremediavelmente rendido aos Sonic Youth, de tal modo que não descansei enquanto não adquiri toda a sua discografia. Uma paixão que ainda hoje se mantém imaculada.
Este foi o último álbum 'independente' dos Sonic Youth antes do sucesso [relativo] de Goo e de Dirty [o tal de 100%] e, talvez por ter sido o primeiro que ouvi na íntegra, ainda hoje ocupa um lugar maior na minha colecção dos Sonic Youth. De qualquer modo, Daydream Nation é um dos melhores discos - para mim O melhor - dos nova-iorquinos, aquele que melhor faz a ponte entre o noise ou o experimentalismo rock que sempre os caracterizou e as melodias quase pop que conseguem escrever. A par de álbuns como In The Flat Field dos Bauhaus ou Psychocandy dos Jesus And Mary Chain [já por aqui recordados], Daydream Nation é, pessoalmente, um dos 5 álbuns mais relevantes dos anos 80 [e não só, já agora].
Vi os Sonic Youth apenas três vezes [e ainda hoje não me perdoo não ter estado no mítico concerto do Campo Pequeno, raisparta a porra do trabalho! e valha-me o CD gravado nessa noite]: no Festival Sudoeste, onde devo ter sido dos poucos que adorou o concerto, na Aula Magna [meses depois do Sudoeste; concerto de que consegui arranjar uma gravação] e no Coliseu dos Recreios [então já com a nova aquisição Jim O'Rourke].

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Este disco duplo dos Sonic Youth saiu num ano [1988] em que eu me arrastava pelas salas de aula da FLUC aprendendo o que rapidamente esqueceria e do qual recordo principalmente os concertos de Pop Dell Arte com Mão Morta e de Peter Murphy no Porto, de Woodentops em Matosinhos, de Jesus and Mary Chain e Nick Cave em Lisboa e de Duruti Column e A Certain Ratio em Coimbra. Foi ainda nesse também que conheci a então ainda fervilhante Ribeira portuense. Nesse ano os Estados Unidos eram abalados pelo escândalo Irão-Contras [que envolvia altas patentes militares como John Poindexter ou o caricato Oliver North] e George Herbert Walker Bush era eleito sucessor de Ronald Reagan; a União Soviética aceitava retirar-se do cemitério afegão após anos de luta contra os rebeldes [parece que Bin Laden andava por lá, a soldo dos... Estados Unidos]; um milhão de mortos depois, o Iraque e o Irão punham fim à guerra que os opunha; na Escócia, terroristas líbios [a soldo de Khadafi, ao que consta, agora amigo da... União Europeia] faziam explodir o voo Pan Am 103 em Lockerbie fazendo 270 mortos e no Brasil era assassinado, por encomenda de proprietários de terras na Amazónia, o activista Chico Mendes. Po cá, vivia-se ainda a euforia dos primeiros anos do cavaquismo e dos fundos estruturais da CEE que, ao que nos diziam, haveriam de fazer de Portugal um país desenvolvido e civilizado. No Verão, a 28 de Agosto, o Chiado ardia.

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O terror de novo?

Há suspeitas de novo ataque terrorista em Londres. Falso alarme? Espero que sim.

[Update 22.07.2005] Atentado múltiplo falhado e já reivindicado pela inevitável Al Qaeda. Desta vez não houve vítimas.

E agora, para algo completamente veraneante...

Haverá melhor para um fim de tarde de Verão que uma fresca salada se polvo regada por umas geladas imperiais [lentamente] saboreadas à sombra de uma esplanada? Com certeza que há, não muitas mas há. Assim de repente estou a lembrar-me que se pode sempre trocar as imperiais por um bom vinho branco...

[Este post só deve ser consumido a partir das 18h00]

Não entendo...

... a supresa manifestada por algumas almas perante a demissão de Campos e Cunha. Com o país mergulhado na crise económica, com as finanças públicos no estado em que estão, com o défice que temos, Campos e Cunha fez o que qualquer português faz nesta altura do ano: meteu férias e foi descansar . Foi a banhos, portanto. Se calhar para o Algarve. Em Setembro logo se vê e que fica no escritório [neste caso, Fernando Teixeira dos Santos] que aguente o barco...

Bolas ao post[e]

Não se isto será exactamente um post sobre futebol. Acontece que os brasileiros são deliciosos a dar nomes aos seus filhos... Parece que o Sporting contratou. E, por outro lado, em período de preparação de nova época, sempre acho estas coisas mais interessantes [refiro-me ao nome, obviamente] que os reforços que vêm / não vêm [riscar o que não interessa] ou os jogadores que rescindem os seus contratos com / sem [riscar o que não interessa] justa causa ou os sorteios / nomeações [riscar o que... pois, isso...] de árbitros ou o sai / não sai [acho que já deu para perceber a ideia...] do dez do Real. Por exemplo.

quarta-feira, julho 20, 2005

Primeira baixa

Luís Campos e Cunha já não é ministro das Finanças. Parece que se demitiu "por razões pessoais e cansaço". Foi já substituido por Fernando Teixeira dos Santos. Esta é, até ao momento, o maior rombo na credibilidade do socrático governo.

Entretanto, da minha janela continuo a ver fumo - muito fumo - dos incêndios que vão ardendo, por enquanto, relativamente longe de Tomar [e acaba de "passar" mais uma sirene em direcção a norte].

Ano de colheita: 1969 [2]

... e como se não bastasse ainda fui descobrir que filmes foram lançados nesse ano:
Bullit [de Peter Yates, com Steve McQueen, Robert Vaughn e Jacquline Bisset]
Butch Cassidy and the Sundance Kid [de George Roy Hill, com Paul Newman e Robert Redford]
Midnight Cowboy [de John Schlesinger, com Dustin Hoffman e Jon Voigt; ganhou o Óscar para Melhor Filme de 1969]
Easy Rider [de Dennis Hopper, com Peter Fonda e Dennis Hopper]
Z [de Costa-Gravas, com Jean-Louis Trintignant, Yves Montand e Irene Papas]

... e ainda que, nesse ano, vieram também ao mundo: Michael Schummacher, Brian Warner [que anos mais tarde viria a ser conhecido como ... Marylin Manson], David Grohl [dos Nirvana e Foo Fighters], Gabriel 'Batigol' Batistuta, Renée Zellweger, Cate Blanchett, Steffi Graf [lembram-se?] , Oliver Kahn, Edward Norton, Christian Slater, PJ Harvey e Catherine Zeta-Jones.

A quantidade de inutilidades que ficamos a saber com meia duzia de cliques é espantosa. Demasiado tempo livre, é o que é!

Ano de colheita: 1969

Às vezes dá-me para estas coisas. Dei por aí, quer dizer pela Net, umas voltas para descobrir que discos vieram no ano em que eu próprio cá cheguei. Acho que estive razoavelmente bem acompanhado:
Space Oddity, David Bowie
The Soft Parade, The Doors
I Got Dem Ol' Kozmic Blues Again Mama!, Janis Joplin
Clouds, Joni Mitchell
In The Court of the Crimson King, King Crimson
Led Zeppelin e Led Zeppelin II, Led Zeppelin
Ummagumma e More, Pink Floyd
Let It Bleed!, The Rolling Stones [curiosamente usei - há uns tempos - a capa deste álbum no convite para a minha festa de aniversário este ano, sem saber o ano da edição do álbum]
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The Stooges, The Stooges
Astral Weeks, Van Morrison
The Velvet Underground, The Velvet Underground
Hot Rats, Frank Zappa

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Prioridades...

Entre os mil e um [mais coisa, menos coisa] problemas que afectam a sociedade portuguesa, este é verdadeiramente o que mais preocupa os portugueses... O homem até disse outras coisas na tal entrevista, mas o que realmente nos preocupa a todos é saber se ele vai ou não sair do governo para se candidatar à Presidência da República.

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Give me a break!...

terça-feira, julho 19, 2005

[Some of] the music that rocked my world # 6

The Clash, London Calling [CBS, 1979]
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London Calling / Brand New Cadillac / Jimmy Jazz / Hateful / Rudie Can't Fail / Spanish Bombs / The Right Profile / Lost in the Supermarket / Clampdown / The Guns of Brixton / Wrong 'Em Boyd / Death or Glory / Koka Kola / The Card Cheat / Lover's Rock / Four Horsemen / I'm Not Down / Revolution Rock / Train In Vain

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O melhor álbum da mais politizada e versátil banda do movimento que em meados dos anos 70 abalou o mundo do rock [ou se calhar apenas Londres e Nova Iorque...]. Ouvi este disco já na segunda metade dos anos 80 [87, 88... Por aí] numa cassete, provavelmente BASF, que tanta audição deixaria num estado lamentável [entretanto comprei a edição especial saida por altura do 25º aniversário da edição original]. London Calling tem algumas das melhores canções gravadas pelos The Clash [London Calling, Rudie Can't Fail, Spanish Bombs, The Guns of Brixton ou Revolution Rock, por exemplo] e tem "só" uma das mais fantásticas linhas de baixo que alguma vez ouvi [obviamente a do tema título]. London Calling ganha ainda uma dimensão superior na história do punk - e do rock - pela abertura a [e mistura de] géneros musicais, à época, praticamente marginais. Foi com London Calling que percebi que o punk era muito mais que dois ou três acordes [mal tocados] e meio slogan [pseudo?] político. Com London Calling, ouvido vários anos após a sua edição original, percebi também que o punk estava já bem morto e enterrado, ao contrário da opinião de alguns teimosos [em finais dos anos 80 era corrente o dito Punk's not dead].
Anos depois haveria de encontrar Sandinista [demasiado longo] e Combat Rock [o princípio do fim dos Clash] num alfarrabista em Coimbra [aquele que fica mesmo debaixo do Arco de Almedina, por onde eu passava todos os dias]. Ainda haveria de ouvir o lamentável Cut The Crap [safam-se, à justa, This Is England e We Are The Clash...].

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Tenho vagas lembranças do ano de 1979. Nesse ano começava despedir-me da escola primária e recordo ainda uma viagem de família à Bélgica [de combóio]. Lá por fora o Irão vivia um período atribulado com a fuga do Xá Reza Pahlavi e o regresso do Ayatollah Khomeini, que haveria de liderar a revolução islâmica, e ao lado - no Iraque - um certo Saddam Hussein tornava-se presidente; ainda mais ao lado, a União Soviética invadia o Afeganistão; na Casa Branca, o egípcio Anwar Sadat e o israelita Menachem Begin assinavam um tratado de paz; no Reino Unido Margaret Thatcher era eleita pela primeira vez e, por falar em primeira vez, o Papa João Paulo II visitava a sua Polónia natal naquela que foi a primeira visita oficial de um Papa a um país do bloco comunista. 1979 foi ainda o ano de quatro excelentes filmes: Alien com Sigourney Weaver, Apocalypse Now de Francis Ford Coppola, Mad Max com Mel Gibson e The Life of Brian dos delirantes Monty Python. Na música o disco sound dominava as tabelas de vendas, a new wave crescia, enquanto o punk definhava e a Sony colocava à venda o primeiro walkman [por si só uma revolução no consumo musical]. Por cá, vivia-se ainda [n]a ressaca do 25 de Abril e Maria de Lurdes Pintassilgo era nomeada líder do governo.

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Recado [mais ou menos privado]

São dinamarqueses. E o seu nome significa reverberação ou eco [abençoados dicionários online...].

sexta-feira, julho 15, 2005

Desastres na Net

Netdisaster. Divirtam-se a arruinar sites. Eu dei cabo do portal do governo... Com tomates. E não só...

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What the fuck is a...

... J.K. Rowling?
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I like to come here...

... in the still of the night.

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Tenho pena dos lisboetas [provocação]

Em Outubro vão escolher entre o marido de Bábá Guimarães e aquele senhor que substituiu o menino-guerreiro enquanto este esteve entretido a desgovernar o país. Claro que há outros candidatos, mas a escolha vai ser entre estes dois. Como não vão escolher José Sá Fernandes, depois não venham queixar-se, que nessa altura eu encolherei os ombros e pensarei: "Cada um tem aquilo que merece." [*]. E entre o marido da tv personality e o substituto venha o diabo e escolha [**].
Como o lamento.

[*] O mesmo poderia dizer de Amarante, Oeiras, Matosinhos ou até da Madeira...

[**] O substituto tem pelo menos a vantagem de não andar, que eu saiba, a espalhar alarvidades pela Internet. Já é um começo.

Trinta mil

Ouvi ontem que este ano já arderam 30 mil hectares de floresta em Portugal. Trinta mil. 30 ooo. Trinta. Mil.
O equivalente a trinta mil campos de futebol. Não será já suficiente?
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[Update: a propósito de incêndios florestais, prevenção e combate, consultar o sempre lúcido Estrago da Nação]

quinta-feira, julho 14, 2005

Depósito de sons d' A Coluna Vertebral

É o que este blog será. Colunas [sem surround].
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Reencontros

1. Com Frank Zappa. Cruzei-me esporadicamente com Zappa ao longo dos anos mas, confesso, nunca lhe prestei a atenção devida. Nas últimas semanas tenho desenvolvido uma espécie de obsessão pelo artista.

2. Com um antigo professor. Um dos melhores professores que tive, com um sentido de humor apuradíssimo, é um Casmurro militante. E autor de um dos melhores blogs portugueses. E continua com o humor apuradíssimo.

3. Com Sherlock Holmes [e o romance policial]. Devorei os relatos do seu caro Watson há uns anos. Agora, por culpa do Público via Um Estudo em Vermelho [colecção 9mm], ando novamente obcecado por detectives, assassinos e mulheres fatais.

4. Com Nick Cave. Já por aqui referi este reencontro. Devorei os seus trabalhos até Tender Prey. Depois disso, e apesar de Henry's Dream e Let Love In não serem exactamente maus discos, foi sempre a descer. Reencontrei o australiano mais negro do planeta em Abattoir Blues / The Lyre of Orpheus. Acho que até já lhe perdoei as pieguices de The Good Son ou de The Boatman's Call...

5. [Update: imperdoável esquecimento, mas vindo de um devorador de electrónicas até se compreende, não se perdoa mas compreende-se...] Com o Rock. Não o reencontrei nos Strokes, Interpol ou Killers. Já nos The White Stripes [finalmente convenceram-me...], Yeah Yeah Yeahs [idem idem " "], The Kills, !!! e mais recentemente, nos Art Brut, Arcade Fire, Sleater-Kinney, M83 e Mobius Band o rock palpita e teima em não morrer. Louve-se-lhe a resistência.

quarta-feira, julho 13, 2005

Os mortos "deles" valem menos que os "nossos"

1. Hoje morreram quase três dezenas de pessoas em Bagdad na sequência de mais um atentado contra as tropas norte-americanas. Só que os mortos e os feridos são quase todos iraquianos. E crianças. Menos de uma semana depois das bombas de Londres, quantos minutos, quantos directos houve nas televisões ocidentais? Os mortos "deles", mesmo que sejam crianças, valem menos que os "nossos".

2. Segundo o Público morreram 24 crianças e 18 ficaram feridas. Já para a BBC "At least 26 Iraqis, almost all of them children, have been killed [...]" enquanto a "insuspeita" Al Jazeera diz que "Up to 27 people, including seven children, have been killed and at least 18 wounded by a car bomb in Baghdad [...]". A realidade é variável.

[Some of] the music that rocked my world # 5

Mão Morta, Mutantes S. 21 [Fungui, 1992]
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Lisboa [Por Entre as Sombras e o Lixo] / Amesterdão [Have Big Fun] / Budapeste [Sempre a Rock & Rollar] / Barcelona [Encontrei-a na Plaza Real] / Marraquexe [Pç. das Moscas Mortas] / Berlim [Morreu a Nove] / Paris [Amour A Mort] / Istambul [Um Grito] / Shambalah [O Reino da Luz]

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Este foi o primeiro disco, digamos, conceptual dos Mão Morta, banda que ainda não fez [não sabe fazer?] um mau disco. Mutantes S. 21 é um álbum de cidades, ou melhor, um álbum de histórias citadinas transformadas em canções. Este é um disco de ambientes diversos, reflexo das cidades, das histórias e personagens que o percorrem. com partida em Lisboa e chegada a Shambalah [cidade imaginária, porto de abrigo, cidade-salvação talvez], os Mão Morta viajam por algumas das cidades míticas contando histórias nas quais o submundo e a decadência são o denominador comum. Este é também um disco onde os Mão Morta abordam diversas linguagens musicais dando-lhes uma personalidade própria e adaptando-as à sua própria [e muito personalizada] linguagem / estética [por exemplo, o refrão de Lisboa recorda-me sempre o rock'n'roll sujo dos Motörhead, Budapeste convoca os Velvet Underground, Paris tem nítidas influências de algum metal mais extremo]. Não acho que este seja o melhor álbum da carreira da banda de Adolfo Luxúria Caníbal, mas ainda hoje é o disco pelo qual nutro maior carinho. Vá-se lá saber porquê.
Dos Mão Morta já conhecia os trabalhos anteriores [a K7 Mão Morta e os álbuns Mão Morta, Corações Felpudos, O.D. Rainha do Rock & Crawl] e haveria de ouvir todos os seguintes e são a banda que mais vezes vi ao vivo, em diversos locais e diferentes situações. Nunca, mas nunca, me desiludiram. Nunca lhes ouvi um mau disco, nunca vi um mau concerto [e assisti a alguns verdadeiramente extraordinários]. Recordo particularmente uma noite memorável no Rivoli do Porto, num concerto com os Pop Dell'Arte, que também por aqui irão passar [*], em 1988 [um ano de grandes estreias para mim: Peter Murphy no Rivoli, The Woodentops em Matosinhos, Jesus and Mary Chain e Nick Cave & The Bad Seeds, ambos no Pavilhão do Restelo].

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1992, ano da edição de Mutantes S. 21, foi pessoalmente um ano de mudanças radicais: em Setembro saí de Coimbra, comecei a trabalhar [em Fornos de Algodres!] e em Dezembro [a 15] concluí a minha licenciatura. Nesse mesmo ano desaparecia a Jugoslávia; nos Estados Unidos o serial killer Jeffrey Dahmer, o boxeur Mike Tyson, o mafioso John Gotti e o o ex-líder do Panamá Manuel Noriega eram condenados a penas de prisão enquanto os polícias que espancaram Rodney King eram absolvidos, o que levaria a vários dias de motins em Los Angeles, Bill Clinton derrota George Bush e Ross Perot na presidenciais e no Brasil Fernando Collor de Melo abandonava a presidência por corrupção; no Reino Unido, Isabel II declarava 1992 annus horribilis [devido aos variados escândalos que ao longo desse ano abalaram a monarquia]. Este foi ainda o ano em que a Igreja Católica pediu desculpas pelo processo da Inquisção contra de Galileu Galilei. Por cá, continuava a esbanjar-se os milhões da Comunidade Europeia e Cavaco Silva ainda acreditava no "p'ogresso" e num "novo homem portugês".

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[*] Talvez nessa altura evoque algumas das memórias que guardo desse concerto.