Justa ou injustamente, os
funcionários públicos são, em Portugal , das mais mal vistas classes profissionais (talvez só ultrapassados pelos políticos).
Preguiçosos e
mal-educados,
arrogantes e
ignorantes,
mal-formados e
antipáticos. De tudo são acusados os nossos funcionários públicos. Há até quem considere que parte dos males do país é culpa dos maus funcionários públicos que nos servem, o que é, obviamente, uma rematada estupidez.
Em primeiro lugar, o Estado português,
laxista e preguiçoso como poucos, não dá as devidas qualificações e a necessária formação aos seus funcionários. Em segundo lugar, esse mesmo Estado, que não age nunca como pessoa de bem, contrata funcionários a rodos com base em critérios de selecção, no mínimo, dúbios e obscuros. Em terceiro lugar, e para abreviar, a organização das carreiras no funcionalismo público português é anacrónica e absurda. (E não me venham com a velha história de que o Estado somos todos nós, porque isso não passa mesmo de uma história)
Agora, o Estado português, através do actual governo, reforça nos portugueses a ideia de que os seus funcionários públicos são realmente responsáveis pelos males do país, atribuindo-lhes aumentos de 2% (àqueles que auferem salários inferiores a 1 000 Euros) e de 0% (para os salários superiores a 1 000 Euros) com a desculpa de que assim se está a contribuir para a criação e manutenção de empregos, para o estímulo da economia e para a criação de uma sociedade mais justa.
Que é preciso cortar nas despesas já todos estamos fartos de saber. Agora, convinha que os cortes se fizessem de um modo mais racional e sem, subrepticiamente, atirar para cima de uma classe profissional responsabilidades que são, em última análise, de quem administra e governa este país de forma trapalhona e incompetente.
Ah, iluminados génios que nos governam.