A minha autarquia [Tomar], ao contrário da de Lisboa, não tem problemas de tesouraria. Aliás, tem - literalmente - dinheiro para atirar à rua. A minha autarquia deve ser a inveja de centenas de outras autarquias, com tão esplendoroso desafogo financeiro.
A minha autarquia resolveu, há uns anos, poucos, remodelar [se calhar chamou-lhe "requalificar", não me lembro] uma rotunda que por cá tínhamos, à saida da Ponte Nova. Na altura, não há tanto tempo como isso, essa rotunda era uma das duas rotundas da cidade * [a outra nem é bem uma rotunda, é uma placazinha que nos habituámos a contornar no meio de um cruzamento, ao fundo da Rua de Coimbra...]. A rotunda da Praceta Alves Redol, a tal que foi remodelada [ou "requalificada", não me lembro], teve durante anos relva na placa central e um enorme tabuleiro, um dos símbolos da cidade. A minha autarquia, como é toda moderna[ça], achou que relvinha e um símbolo da cidade eram coisa do passado e, vai daí, mandou projectar para o local uma fonte cibernética. Cibernética, atenção, uma fonte cibernética [não confundir com fonte luminosa - eat your hearts out, lisboetas!]. Entretanto, passados uns anos, poucos, a minha autarquia resolveu que era tempo de "requalificar" [ou remodelar, não estou certo] a Praceta Alves Redol e isso inclui atirar com mais meio milhão de euros para a respetiva rotunda. Lá se vai a fonte. Cibernética.
* Felizmente, a "família" das rotundas tomarenses cresceu e agora são quase 20.
Actualização: as obras em questão estão orçamentadas em 568 mil euros.